São Paulo, quinta-feira, 14 de dezembro de 2006

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Circuncisão dobra proteção contra HIV

Casos de infecção caíram 50% em teste na África; estudos foram interrompidos após benefício se mostrar tão evidente

Apesar de oferecer proteção apenas parcial, a remoção do prepúcio pode ser útil em políticas de saúde pública, sem dispensar a camisinha

DONALD McNEIL JR.
DO "NEW YORK TIMES"

Circuncidar homens africanos pode reduzir pela metade seu risco de contrair Aids, disse ontem o Instituto Nacional de Saúde dos EUA. A instituição interrompeu dois testes clínicos na África depois que resultados preliminares sugeriram que o procedimento funciona tão bem que seria antiético não oferecê-lo quando possível.
Especialistas em Aids saudaram a divulgação do resultado. Os diretores dos dois maiores fundos de combate à Aids disseram que considerariam pagar pelas circuncisões.
"Essa é uma notícia muito empolgante", disse Daniel Halpern, especialista em HIV no Centro para População e Desenvolvimento da Universidade Harvard. Há anos ele argumenta que a circuncisão freia a Aids nas partes da África onde ela é praticada por religião.
"Eu não tenho dúvida de que, quando a notícia se espalhar, milhões de africanos vão querer ser circuncidados, e isso salvará muitas vidas."
Mas especialistas alertam que a cirurgia não é uma panacéia. Ela apenas diminui a chance de o homem pegar a doença, é mais cara que preservativos ou outros métodos, e traz riscos se praticada por curandeiros usando lâminas sujas, como acontece com freqüência na zona rural da África.
A educação sexual dos jovens precisa deixar claro que "isso não significa proteção absoluta", disse Anthony Fauci, diretor do Instituto Nacional de Alergia e Doenças Infecciosas dos EUA. Segundo ele, circuncisão precisa ser somada a outros métodos, não substituí-los.
Os dois testes clínicos foram realizados com 3.000 homens em Kisumu, Quênia, e quase 5.000 em Rakai, Uganda. Nenhum foi infectado com o vírus da Aids. Todos receberam aconselhamento sobre sexo seguro -embora muitos não o tivessem praticado- e eram testados regularmente. Os casos eventuais de HIV tiveram uma redução de 53% no grupo do Quênia e de 48% no de Uganda.
O resultado reforça a conclusão de outro teste clínico encerrado no ano passado na África do Sul, que havia demonstrado uma proteção de 60%.


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