São Paulo, domingo, 14 de dezembro de 2008

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CLARISSE LOPES DE ALMEIDA AMAZONAS (1923-2008)

Com jambeiro e violino se fez um maestro

ESTÊVÃO BERTONI
DA REPORTAGEM LOCAL

Por total falta de estrutura, Clarisse Amazonas começou a ensinar crianças a tocar violino sob a sombra de um jambeiro, na favela do Caranguejo, em Recife (PE).
Gostava tanto de música que dizia querer morrer com o instrumento -o que não aconteceu. Em outubro, caiu, fraturou o fêmur, operou, mas acabou pegando uma infecção hospitalar. No domingo passado, não resistiu a uma pneumonia.
Morreu aos 85, para a tristeza de 13 filhos, 28 netos, cinco bisnetos e incontáveis alunos que ela tirou da miséria pelo caminho da música.
Paraense de Belém, Clarisse se mudou, antes de completar um ano, para Recife. O pai, artista plástico, tinha sido incumbido de restaurar a capela Dourada, obra dos portugueses, em Recife.
Aprendeu criança a tocar e, adolescente, já fazia parte da orquestra sinfônica da cidade. Apresentava-se em festas, casamentos, o que desse. Casada com um promotor desde 1946, passou a ensinar, em 1988, jovens carentes.
Com o tempo, ganhou apoio, e as aulas foram transferidas para uma biblioteca pública.
Foi ainda assessora do secretário da Cultura de Pernambuco, Ariano Suassuna. Há uns três anos, parou de se apresentar devido ao Alzheimer. Otimista, "nunca reclamou de nada", lembra a filha.
Segundo Fabiano Antunes, que escreveu uma biografia sobre a violinista, um ex-aluno de Clarisse é hoje maestro na Europa.

obituario@grupofolha.com.br


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