São Paulo, terça-feira, 14 de dezembro de 2010

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Ônibus da zona leste têm atrasos e baratas

Promotoria aponta que serviço na região tem problemas sérios de higiene, frota velha e descumprimento de horário

Em 6 meses, 210 mil tiveram problemas para chegar ao destino; falhas estão sendo resolvidas, diz consórcio


ALENCAR IZIDORO
DE SÃO PAULO

CRISTINA MORENO DE CASTRO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Os ônibus do Consórcio Leste 4 (CL4), que rodam por 16 bairros da zona leste, são apontados como os campeões de problemas na cidade pelo Ministério Público.
A lista de falhas inclui atrasos, frota velha e condições "inaceitáveis" de limpeza, segundo relatório de fiscalização da prefeitura.
"Só eu já matei cinco baratas aqui", conta a costureira Reginalda Santos, 47, usuária da linha 4120/42.
Já devido aos atrasos e cancelamentos, levantamento da SPTrans feito a pedido da Promotoria mostrou que, entre julho e dezembro de 2009, 210 mil passageiros tiveram problemas para chegar a seu destino.
O consórcio (formado pelas empresas Himalaia e Novo Horizonte) transporta, diariamente, 480 mil passageiros, entre Tatuapé e a Cidade Tiradentes. A receita é de R$ 27 milhões por mês.
Para completar, relatório apontou que, de janeiro a novembro, 19 dos 993 veículos da frota tinham mais de dez anos, o que viola o contrato.
Na cidade, oito consórcios são responsáveis pela circulação de ônibus, cada um atendendo uma região.
"Os problemas de todos os consórcios são bastante semelhantes. Mas o que mais chama a atenção no CL4 é sua absoluta incapacidade de resolver os problemas, mesmo com as constantes multas aplicadas pela SPTrans", diz o promotor Saad Mazloum, que estuda processar o consórcio por danos morais coletivos.
O CL4 diz que já substituiu os ônibus velhos e que atrasos são decorrentes de alterações viárias, que levaram mais caminhões às vias.
Pela demora em fazer a substituição, o consórcio não recebeu um centavo do bônus da prefeitura que subsidia a renovação de frota (só em outubro de 2009, foram distribuídos R$ 2,9 milhões).
Em vez disso, aliás, o consórcio tem tido de arcar com penalidades. Só entre julho e dezembro de 2009, o CL4 foi multado 970 vezes pela SPTrans, que não informa o montante pago ou devido.
Questionada pela reportagem, a SPTrans também não informa por que, após tantas multas, mantém o contrato.
A Promotoria aponta também excesso de ônibus com motor dianteiro, que são ultrapassados e considerados prejudiciais a motoristas e passageiros pela exposição maior ao calor e ao barulho.
Esses veículos são proibidos na frota, mas há exceções quando a geometria das vias dificulta a passagem de ônibus mais modernos -por serem, por exemplo, mais baixos que os outros.
Ainda assim, a frota da CL4 tem ao menos 145 veículos que não se enquadrariam nessas exceções.


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