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SEM-TETO
Funcionário receberá R$ 151
Moradores de rua serão zeladores dos banheiros
ESTANISLAU MARIA
DA REPORTAGEM LOCAL
A SAS (Secretaria da Assistência
Social) pretende contratar moradores de rua que vivem debaixo
dos viadutos de São Paulo como
zeladores dos banheiros públicos
a serem instalados na cidade. Cada zelador ganharia pelo menos
um salário mínimo (R$ 151).
"Com os banheiros, vamos
também gerar empregos", afirmou o secretário da SAS, Evilásio
Farias (PSB), que disse não saber
quantos equipamentos serão instalados, onde ficarão nem qual será o fornecedor.
A prefeita Marta Suplicy (PT)
disse que a "medida é provisória e
até precária, mas é melhor ter (banheiro) do que não ter."
Segundo censo da população de
rua feito em 1999, metade dos
8.704 sem-teto de São Paulo fazem suas necessidades nas ruas.
O vereador Erasmo Dias (PPB)
criticou a medida. "É uma solução demagógica e incentiva o
sem-teto a ficar na rua; o sujeito
vai querer fazer cozinha, sala..."
Para o médico sanitarista Jorge
Kayano, coordenador do Instituto Pólis (ONG que assessora e
pesquisa iniciativas de prefeituras
no país), "como solução emergencial, a idéia é defensável".
"Mas acho difícil que os usuários
cuidem da higiene. É preciso um
funcionário fixo no local."
A Folha visitou seis dos 11 banheiros que já existem no centro.
Nenhum tinha condições de uso.
Os das praças da República e
Marechal Deodoro e do vale do
Anhangabaú estão interditados
por falta de manutenção. No da
praça 14 Bis, só há um box, usado
por homens e mulheres. Ele fica
trancado e é preciso pedir a chave
ao zelador. Na quinta-feira, estava
interditado por entupimento.
Numa área próxima, há quatro
boxes, mas só um masculino e um
feminino funcionam, sem descarga. As pias do lado feminino foram arrancadas. O sexto banheiro
estava fechado às 17h, apesar de a
placa indicar funcionamento até
as 18h. Garotos que jogavam futebol perto disseram que não dá para usá-lo devido à sujeira.
"Vamos recuperar o que existe,
instalar novos e mantê-los limpos. Por que o Metrô ninguém
depreda? Porque é limpo e funciona bem", disse o secretário.
Em 1999, o Metrô privatizou 9
de seus 24 banheiros devido a
vandalismo, prostituição e tráfico
de drogas. Agora cobra R$ 0,50.
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