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Com a casa já condenada, casal também perde móveis
Moradores devem saber quando e se poderão voltar somente na quarta-feira
Em reunião ocorrida pela
manhã, 4 moradores foram
informados que suas casas
estavam comprometidas e
precisariam ser demolidas
PAULO SAMPAIO
DA REPORTAGEM LOCAL
O domingo dos moradores de
casas ameaçadas pela cratera
começou com uma reunião por
volta das 10h, no hotel onde estão hospedados.
Eles foram informados por
representantes do Consórcio
Via Amarela que técnicos da
empresa devem avaliar se é seguro voltar para as casas, e em
que prazo. Mas isso só acontecerá depois de quarta-feira.
"Pelo que entendi, estamos
em terceiro lugar nas prioridades deles. Primeiro estão os
corpos desaparecidos, depois o
controle da segurança do local.
Aí, sim, eles vão nos dizer o que
vai acontecer com nossas casas", diz a restauradora Adriana
Azevedo, 41.
A comerciante Itália Pereira,
57, passou mal durante a reunião e foi conduzida para a Santa Casa. "Senti uma coisa ruim
no peito. Eles tiveram de me
medicar", diz ela, ainda bastante nervosa.
A reunião serviu também para informar a quatro moradores que suas casas estavam definitivamente comprometidas e
precisariam ser demolidas.
"Só quero que me paguem o
valor justo", avisa o serralheiro
Francisco Antônio Bordaz, que,
com o desabamento parcial da
casa, não teve tempo de salvar
alguns pertences.
De acordo com vizinhos e
clientes, Bordaz sempre fez o
que pôde para evitar sondagens
de desapropriação.
"Nossa, ele é muito apegado.
Não queria sair dali de jeito nenhum", diz a dona-de-casa
Adelaide Videira, 67.
Adelaide conta que ela e seus
vizinhos costumavam receber
propostas de uma construtora
interessada em levantar na região prédios de apartamentos.
"Há uns quatro meses, não sei o
porquê, eles pararam", conta.
A própria Adelaide mostra-se muito apegada e resiste a
deixar sua casa, na rua Capri.
"Não tem rachadura nenhuma
aqui, pode ver. Quando água
voltar, eu venho do hotel", informa ela, enquanto fecha o
portão nitidamente empenado.
Ontem à tarde ela esteve na
casa "para regar as plantas com
o que restou de água na caixa".
Móveis perdidos
Outras três casas, além da de
Bordaz, e um estacionamento
foram condenados a demolição
com o desabamento da linha 4.
São, ao todo, 55 imóveis interditados pela Defesa Civil,
que realizará hoje uma varredura na região. Duas das demolições já foram feitas, sendo
uma a do estacionamento.
Segundo o órgão, é grande a
possibilidade de que a maior
desses imóveis seja liberada
após as vistorias, que devem
durar 48 horas. Há, porém, o
risco de que novas demolições
sejam programadas.
Aqueles que já tiveram a casa
condenada, porém, devem perder a maior parte de seus móveis, como cama, geladeira etc.
É o caso dos aposentados Irino
Clacteu Moreira, 78, e Maria do
Carmo Moreira, 72.
Os dois estiveram ontem na
casa do número 187 da rua Capri, para retirar os pertences
que conseguiram. Muita coisa,
porém, será destruída. "Nossa
TV grande, que acabamos de
comprar, está perdida", lamenta Maria do Carmo.
Eles deixaram a casa carregando sacolas com roupas, quadros e outros objetos pessoais.
"É muito triste ter que deixar
um lugar em que moramos por
28 anos. É uma mudança muito
rápida. Tivemos que deixar vários quadros lá", afirmou ela.
Emocionada, ela não conseguiu conter as lágrimas e olhou
demoradamente a casa pela última vez. Amanhã, a residência
não deve mais estar no local.
Já Nilton Tatxure, 46, dono
do estacionamento demolido,
lamenta a perda do emprego e,
por enquanto, da casa, ainda interditada. "Perdi meu ganha-pão. Espero que o governo pague uma indenização justa. É
uma situação desesperadora."
Colaboraram KLEBER TOMAZ e o "Agora"
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