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Autoridades de SP ignoraram aviso sobre van, diz cooperativa
Gerente da Transcooper afirma que, logo após o acidente, avisou secretário sobre o desaparecimento do veículo
Apenas no sábado três máquinas de escavação foram deslocadas para
local onde o microônibus poderia ser encontrado
ROGÉRIO PAGNAN
CATIA SEABRA
DA REPORTAGEM LOCAL
Caio Sérgio Ribeiro, 49, gerente operacional da TransCooper, cooperativa de vans na
qual trabalhavam o cobrador
Wescley Adriano da Silva, 22, e
o motorista Reinaldo Aparecido Leite, 40, acusa as autoridades de São Paulo de desprezarem a informação sobre o soterramento do microônibus
com quatro pessoas, o que, para
ele, reduziu as chances de encontrar sobreviventes.
Segundo Ribeiro, logo após o
acidente nas obras do Metrô,
que ocorreu por volta das 15 horas de sexta-feira, ele procurou
o secretário de Transportes
Metropolitanos, José Luiz Portella, para informar sobre o desaparecimento do veículo.
"Ele me disse de maneira ríspida: "Você viu a van cair?" Eu
disse que não tinha visto, mas
que outras pessoas tinham. Só
que não tinha como eu chamar
o pessoal naquela hora para falar com ele."
O desprezo pela informação,
ainda segundo Ribeiro, fez com
que as buscas se concentrassem em outros pontos da cratera, como a rua Conselheiro Pinto, e não a rua Capri, por onde o
microônibus estava passando
no momento do acidente.
Apenas na tarde de anteontem, quase 24 horas depois do
acidente, três máquinas de escavação foram deslocadas para
onde o veículo estaria.
Em entrevistas no primeiro
dia do desmoronamento, Portella de fato negou a possibilidade de vítimas do microônibus. Para ele, existia a suspeita
de estar soterrado apenas o
motorista de um dos caminhões da obra.
"Tem só o pessoal da cooperativa falando disso", afirmou o
secretário, em referência ao
microônibus.
O coronel da Polícia Militar
Isaú Segala negou a possibilidade do soterramento do microônibus. Chegou a dizer que o
motorista e o cobrador da van
estariam "tomando um lanchinho" e, por isso, não estavam
atendendo ao rádio.
Serra
O governador de São Paulo,
José Serra (PSDB), disse que
foi informado sobre o risco de
vítimas logo após o acidente.
Mas não especificamente sobre
a van. Segundo ele, as autoridades souberam do veículo quando a cooperativa se manifestou.
Serra foi informado sobre o
microônibus por volta da meia-noite de sexta-feira, quando recebeu um telefonema de Portella. Da marginal Pinheiros, Portella ligou para o Palácio dos
Bandeirantes, onde Serra esperava por notícias.
Na conversa, o secretário admitiu a hipótese de haver uma
vítima. Ele não teria esclarecido se havia passageiros na van.
Pelo relato, a irmã teria registrado o sumiço do motorista.
Havia rumores de que um bombeiro ouvira o som de uma buzina sob os escombros. Apreensivo, Serra pediu a Portella que
repetisse a história.
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