São Paulo, segunda-feira, 15 de janeiro de 2007

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Autoridades de SP ignoraram aviso sobre van, diz cooperativa

Gerente da Transcooper afirma que, logo após o acidente, avisou secretário sobre o desaparecimento do veículo

Apenas no sábado três máquinas de escavação foram deslocadas para local onde o microônibus poderia ser encontrado

ROGÉRIO PAGNAN
CATIA SEABRA

DA REPORTAGEM LOCAL

Caio Sérgio Ribeiro, 49, gerente operacional da TransCooper, cooperativa de vans na qual trabalhavam o cobrador Wescley Adriano da Silva, 22, e o motorista Reinaldo Aparecido Leite, 40, acusa as autoridades de São Paulo de desprezarem a informação sobre o soterramento do microônibus com quatro pessoas, o que, para ele, reduziu as chances de encontrar sobreviventes.
Segundo Ribeiro, logo após o acidente nas obras do Metrô, que ocorreu por volta das 15 horas de sexta-feira, ele procurou o secretário de Transportes Metropolitanos, José Luiz Portella, para informar sobre o desaparecimento do veículo.
"Ele me disse de maneira ríspida: "Você viu a van cair?" Eu disse que não tinha visto, mas que outras pessoas tinham. Só que não tinha como eu chamar o pessoal naquela hora para falar com ele."
O desprezo pela informação, ainda segundo Ribeiro, fez com que as buscas se concentrassem em outros pontos da cratera, como a rua Conselheiro Pinto, e não a rua Capri, por onde o microônibus estava passando no momento do acidente.
Apenas na tarde de anteontem, quase 24 horas depois do acidente, três máquinas de escavação foram deslocadas para onde o veículo estaria.
Em entrevistas no primeiro dia do desmoronamento, Portella de fato negou a possibilidade de vítimas do microônibus. Para ele, existia a suspeita de estar soterrado apenas o motorista de um dos caminhões da obra.
"Tem só o pessoal da cooperativa falando disso", afirmou o secretário, em referência ao microônibus.
O coronel da Polícia Militar Isaú Segala negou a possibilidade do soterramento do microônibus. Chegou a dizer que o motorista e o cobrador da van estariam "tomando um lanchinho" e, por isso, não estavam atendendo ao rádio.

Serra
O governador de São Paulo, José Serra (PSDB), disse que foi informado sobre o risco de vítimas logo após o acidente. Mas não especificamente sobre a van. Segundo ele, as autoridades souberam do veículo quando a cooperativa se manifestou.
Serra foi informado sobre o microônibus por volta da meia-noite de sexta-feira, quando recebeu um telefonema de Portella. Da marginal Pinheiros, Portella ligou para o Palácio dos Bandeirantes, onde Serra esperava por notícias.
Na conversa, o secretário admitiu a hipótese de haver uma vítima. Ele não teria esclarecido se havia passageiros na van.
Pelo relato, a irmã teria registrado o sumiço do motorista. Havia rumores de que um bombeiro ouvira o som de uma buzina sob os escombros. Apreensivo, Serra pediu a Portella que repetisse a história.


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