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Moradores vêem desfile e buzinaço de caminhões-pipa antes do abastecimento
ITALO NOGUEIRA
ENVIADO ESPECIAL A LAJE DO MURIAÉ
Há dois dias sem abastecimento de água, Laje do Muriaé
assistiu ontem a um desfile e
buzinaço de caminhões-pipa
pela cidade, antes de ser abastecida. Os veículos atravessaram por 15 minutos a cidade
antes de serem levados para os
locais de abastecimento.
"Por que eles estão fazendo
isso?", perguntou uma moradora. "Para aparecer, ué", respondeu a vizinha, em diálogo flagrado pela Folha.
Antes de atravessar a cidade,
os 11 caminhões permaneciam
em fila na entrada, com todos
os seus destinos já definidos.
Em seguida, todos foram, em
fila e com buzinaço feito pelos
motoristas, em direção à rodoviária, do outro lado da cidade.
A distribuição de água é organizada pela prefeitura, Defesa Civil e pelo Cedae.
"Trouxemos para cá para organizar. Aqui será o centro para enviar os caminhões para
seus destinos", disse o irmão do
prefeito José Geraldo Pereira
de Carvalho, Ademar Augusto
Pereira Carvalho.
"Se os caminhões ficassem
ali no acostamento da estrada
[na entrada da cidade] poderia
até ocorrer um acidente", afirmou o coordenador regional da
Defesa Civil do Estado, coronel
Moacir Pires.
Anteontem, a distribuição de
30 mil copos de água mineral
foi feita na casa do prefeito.
Enquanto permaneciam na
entrada da cidade, aguardando
a chegada dos outros nove caminhões, os moradores reclamavam da falta d'água e do
abastecimento feito durante os
últimos dois dias.
"Ano passado [o caminhão-pipa] chegava bem na minha
casa. Este ano está mais complicado", disse Edson Oliveira,
23, enquanto enchia quatro latões de leite na torneira da
igreja Nossa Senhora do Bom
Sucesso, a cerca de 100 metros
de onde estavam estacionados
os caminhões-pipa, às 10h.
Os caminhões entraram na
cidade às 11h10, e foram aos
seus pontos de distribuição 20
minutos depois de atravessar a
cidade e chegar à rodoviária.
As filas para encher baldes
nos caminhões-pipa duravam
até uma hora, contaram os moradores. "A gente encheu e depois de uma ou duas horas a
água já tinha acabado. Não está
dando conta, não", lamentou o
servente Jorge Antônio da Silva, 38. Ele distribuiu baldes,
panelas e canecas para as suas
duas filhas, duas sobrinhas, cunhada, mãe e mulher que moram com ele para coletar o máximo de água possível.
A espera nem sempre é tranqüila. "Quase apanhei ontem
[anteontem] quando tive que
parar de distribuir os copos de
água [mineral]", contou o guarda municipal Fernando Antônio da Silva.
O diretor de interior da Cedae, Heleno Silva, não estima
por quanto tempo a interrupção do abastecimento vai continuar. A turbidez da água no
rio Muriaé oscila próximo a 2
mil UNT (Unidade Nefelometrica de Turbidez) -o limite da
estação de Laje do Muriaé é de
1.000 UNT. "Não sei se serão
cinco, 10, 20 ou 30 dias."
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