São Paulo, segunda-feira, 15 de janeiro de 2007

Texto Anterior | Índice

Moradores vêem desfile e buzinaço de caminhões-pipa antes do abastecimento

ITALO NOGUEIRA
ENVIADO ESPECIAL A LAJE DO MURIAÉ

Há dois dias sem abastecimento de água, Laje do Muriaé assistiu ontem a um desfile e buzinaço de caminhões-pipa pela cidade, antes de ser abastecida. Os veículos atravessaram por 15 minutos a cidade antes de serem levados para os locais de abastecimento.
"Por que eles estão fazendo isso?", perguntou uma moradora. "Para aparecer, ué", respondeu a vizinha, em diálogo flagrado pela Folha.
Antes de atravessar a cidade, os 11 caminhões permaneciam em fila na entrada, com todos os seus destinos já definidos. Em seguida, todos foram, em fila e com buzinaço feito pelos motoristas, em direção à rodoviária, do outro lado da cidade. A distribuição de água é organizada pela prefeitura, Defesa Civil e pelo Cedae.
"Trouxemos para cá para organizar. Aqui será o centro para enviar os caminhões para seus destinos", disse o irmão do prefeito José Geraldo Pereira de Carvalho, Ademar Augusto Pereira Carvalho.
"Se os caminhões ficassem ali no acostamento da estrada [na entrada da cidade] poderia até ocorrer um acidente", afirmou o coordenador regional da Defesa Civil do Estado, coronel Moacir Pires.
Anteontem, a distribuição de 30 mil copos de água mineral foi feita na casa do prefeito.
Enquanto permaneciam na entrada da cidade, aguardando a chegada dos outros nove caminhões, os moradores reclamavam da falta d'água e do abastecimento feito durante os últimos dois dias.
"Ano passado [o caminhão-pipa] chegava bem na minha casa. Este ano está mais complicado", disse Edson Oliveira, 23, enquanto enchia quatro latões de leite na torneira da igreja Nossa Senhora do Bom Sucesso, a cerca de 100 metros de onde estavam estacionados os caminhões-pipa, às 10h.
Os caminhões entraram na cidade às 11h10, e foram aos seus pontos de distribuição 20 minutos depois de atravessar a cidade e chegar à rodoviária.
As filas para encher baldes nos caminhões-pipa duravam até uma hora, contaram os moradores. "A gente encheu e depois de uma ou duas horas a água já tinha acabado. Não está dando conta, não", lamentou o servente Jorge Antônio da Silva, 38. Ele distribuiu baldes, panelas e canecas para as suas duas filhas, duas sobrinhas, cunhada, mãe e mulher que moram com ele para coletar o máximo de água possível.
A espera nem sempre é tranqüila. "Quase apanhei ontem [anteontem] quando tive que parar de distribuir os copos de água [mineral]", contou o guarda municipal Fernando Antônio da Silva.
O diretor de interior da Cedae, Heleno Silva, não estima por quanto tempo a interrupção do abastecimento vai continuar. A turbidez da água no rio Muriaé oscila próximo a 2 mil UNT (Unidade Nefelometrica de Turbidez) -o limite da estação de Laje do Muriaé é de 1.000 UNT. "Não sei se serão cinco, 10, 20 ou 30 dias."


Texto Anterior: Frases
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.