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Não posso saber para onde vai cada real, diz Kassab sobre contrato com ONG de aliado
DA REPORTAGEM LOCAL
"A cidade de São Paulo tem
um Orçamento de R$ 21 bilhões. O prefeito não pode saber para onde vai cada real desses investimentos". Foi esse o
argumento dado ontem pelo
prefeito Gilberto Kassab
(DEM) para alegar desconhecimento da contração, pela prefeitura, de uma ONG ligada ao
ser partido.
Conforme a Folha revelou
na semana passada, o município contratou -sem licitação-
o IEA (Instituto de Estudos
Avançados), de Florianópolis
(SC), dirigido pelo engenheiro
Luiz Alberto Ferla, ex-presidente do DEM Jovem.
A contratação foi anulada
após a Folha procurar Kassab
para explicar o caso. "Eu fiz a
minha parte e, portanto, estou
muito tranqüilo. Está anulado", disse ontem. O valor do
contrato era de R$ 4,6 milhões
-o suficiente para construir
até nove AMAs (assistências
médicas ambulatoriais).
Qual seria o trabalho da
ONG? Desenvolver um projeto
para o portal da prefeitura na
internet com o objetivo principal de reduzir o número de cliques dados pelo internauta para acessar um serviço. "A idéia
é a gente reformular o que existe hoje, para poder reduzir o
número de cliques e dar mais
rapidez", disse o secretário-executivo de Comunicação,
Marcus Vinicius Sinval, que assume o ônus da contratação.
Diz o secretário que além dele apenas os "burocráticos que
lidam com a documentação"
sabiam do processo. "Eu entendo que isso ainda está na
autonomia do secretário, né?"
Após participar na manhã de
ontem de um evento de comemoração aos cem anos da imigração japonesa ao país, Kassab disse que ainda nem tinha
questionado Sinval sobre a
contração. "Eu apenas cancelei. Eu não me preocupei nem
saber o que faria. Eu cancelei."
Apesar de anular o contrato,
tanto o prefeito quanto o secretário dizem não ter havido ilegalidade no processo. Por que,
então, anularam o contrato?
"Ele [Kassab] não quer saber
de coisa errada. Para não levantar nenhum tipo de dúvida. É
mais precaução", disse Sinval,
que continuou: "É uma prerrogativa do prefeito. Ele já condenou essa prática antes [contratação de ONG sem licitação]."
O secretário afirmou que a
prefeitura não desistiu de contratar uma empresa para o serviço, mas vai abrir uma licitação. Ele nega ter havido influência política no caso.
(ROGÉRIO PAGNAN e JOSÉ ERNESTO CREDENDIO)
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