São Paulo, terça-feira, 15 de janeiro de 2008

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Não posso saber para onde vai cada real, diz Kassab sobre contrato com ONG de aliado

DA REPORTAGEM LOCAL

"A cidade de São Paulo tem um Orçamento de R$ 21 bilhões. O prefeito não pode saber para onde vai cada real desses investimentos". Foi esse o argumento dado ontem pelo prefeito Gilberto Kassab (DEM) para alegar desconhecimento da contração, pela prefeitura, de uma ONG ligada ao ser partido.
Conforme a Folha revelou na semana passada, o município contratou -sem licitação- o IEA (Instituto de Estudos Avançados), de Florianópolis (SC), dirigido pelo engenheiro Luiz Alberto Ferla, ex-presidente do DEM Jovem.
A contratação foi anulada após a Folha procurar Kassab para explicar o caso. "Eu fiz a minha parte e, portanto, estou muito tranqüilo. Está anulado", disse ontem. O valor do contrato era de R$ 4,6 milhões -o suficiente para construir até nove AMAs (assistências médicas ambulatoriais).
Qual seria o trabalho da ONG? Desenvolver um projeto para o portal da prefeitura na internet com o objetivo principal de reduzir o número de cliques dados pelo internauta para acessar um serviço. "A idéia é a gente reformular o que existe hoje, para poder reduzir o número de cliques e dar mais rapidez", disse o secretário-executivo de Comunicação, Marcus Vinicius Sinval, que assume o ônus da contratação.
Diz o secretário que além dele apenas os "burocráticos que lidam com a documentação" sabiam do processo. "Eu entendo que isso ainda está na autonomia do secretário, né?"
Após participar na manhã de ontem de um evento de comemoração aos cem anos da imigração japonesa ao país, Kassab disse que ainda nem tinha questionado Sinval sobre a contração. "Eu apenas cancelei. Eu não me preocupei nem saber o que faria. Eu cancelei."
Apesar de anular o contrato, tanto o prefeito quanto o secretário dizem não ter havido ilegalidade no processo. Por que, então, anularam o contrato? "Ele [Kassab] não quer saber de coisa errada. Para não levantar nenhum tipo de dúvida. É mais precaução", disse Sinval, que continuou: "É uma prerrogativa do prefeito. Ele já condenou essa prática antes [contratação de ONG sem licitação]."
O secretário afirmou que a prefeitura não desistiu de contratar uma empresa para o serviço, mas vai abrir uma licitação. Ele nega ter havido influência política no caso.
(ROGÉRIO PAGNAN e JOSÉ ERNESTO CREDENDIO)

Texto Anterior: Frase
Próximo Texto: Cem anos da imigração japonesa: Folha Online estréia hoje um site especial sobre a imigração japonesa
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.