|
Texto Anterior | Índice
Dulce Braga, da educação à ditadura
WILLIAN VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
Os olhos escuros, as sobrancelhas arqueadas e o indefectível terninho bem
comportado caiam bem a
Dulce Salles Cunha Braga
quando posava ao lado de políticos importantes -assim
como quando marchara
"com Deus pela liberdade",
na passeata que ajudara a
instituir a ditadura no Brasil.
Dulce nasceu em São José
do Rio Preto (SP) e foi para a
capital estudar línguas neolatinas. Formou-se também
em direito e virou professora, até entrar para a política.
Mais que a influência do pai,
ex-vereador, foi incentivada
pelos alunos. "Ela foi eleita
pelos estudantes".
E lá se foram três candidaturas consecutivas, desde
1955, como vereadora pela
UDN em São Paulo -tempo
em que criou, na antiga rádio
Record, "o primeiro programa de alfabetização de massa
do Brasil", frisa a família.
E estava na "Marcha da
Família com Deus pela Liberdade" -sua biografia oficial no Senado diz que "participou ativamente dos preparativos da Revolução de
1964", que instaurou a ditadura no país. Assim foi pela
Arena, desde 1967, três vezes
deputada estadual, até assumir, em 1982, uma vaga no
Senado por apenas seis meses -por impedimento do
primeiro-suplente, virou a
primeira senadora paulista.
Escreveu ainda livros sobre literatura e poesias, foi
cronista política e cantora lírica. Viúva e sem filhos aos
83, saía da missa quando passou mal. Morreu no sábado,
de insuficiência cardíaca.
Texto Anterior: Mortes Índice
|