São Paulo, terça-feira, 15 de janeiro de 2008

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Dulce Braga, da educação à ditadura

WILLIAN VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

Os olhos escuros, as sobrancelhas arqueadas e o indefectível terninho bem comportado caiam bem a Dulce Salles Cunha Braga quando posava ao lado de políticos importantes -assim como quando marchara "com Deus pela liberdade", na passeata que ajudara a instituir a ditadura no Brasil.
Dulce nasceu em São José do Rio Preto (SP) e foi para a capital estudar línguas neolatinas. Formou-se também em direito e virou professora, até entrar para a política. Mais que a influência do pai, ex-vereador, foi incentivada pelos alunos. "Ela foi eleita pelos estudantes".
E lá se foram três candidaturas consecutivas, desde 1955, como vereadora pela UDN em São Paulo -tempo em que criou, na antiga rádio Record, "o primeiro programa de alfabetização de massa do Brasil", frisa a família.
E estava na "Marcha da Família com Deus pela Liberdade" -sua biografia oficial no Senado diz que "participou ativamente dos preparativos da Revolução de 1964", que instaurou a ditadura no país. Assim foi pela Arena, desde 1967, três vezes deputada estadual, até assumir, em 1982, uma vaga no Senado por apenas seis meses -por impedimento do primeiro-suplente, virou a primeira senadora paulista.
Escreveu ainda livros sobre literatura e poesias, foi cronista política e cantora lírica. Viúva e sem filhos aos 83, saía da missa quando passou mal. Morreu no sábado, de insuficiência cardíaca.


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