São Paulo, quinta, 15 de janeiro de 1998.



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POLÍCIA
Além do diretor-geral, Hitler Mussoline, o governador goiano afastou também 4 delegados e 25 servidores
Denúncia afasta chefe da Polícia Civil de GO

LAURO VEIGA FILHO
free-lance para a Agência Folha

O governador Maguito Vilela (PMDB) exonerou ontem o diretor-geral da Polícia Civil de Goiás, delegado Hitler Mussoline Domingues Pacheco, denunciado pelo Ministério Público no final do ano passado por prevaricação.
Outros 4 delegados e mais 25 servidores da Delegacia Estadual de Estelionato e Outras Fraudes também foram afastados.
O superintendente da Polícia Técnica e Científica, Natal de Castro Araújo, foi confirmado ontem como substituto de Mussoline.
A crise instalada na Polícia Civil goiana desde a apresentação da denúncia e os episódios do último fim-de-semana tornaram "insustentável" a posição do ex-diretor, segundo apurou a Agência Folha.
Na madrugada de sábado, a sede da delegacia, no centro de Goiânia, foi arrombada, registrando-se o roubo de R$ 103,1 mil, US$ 5 mil e jóias estimadas em R$ 40 mil.
Segundo o superintendente da Polícia Judiciária, Nilpho Sebastião Naves, os valores haviam sido apreendidos no dia anterior com dois suspeitos de estelionato.
Naves determinou, anteontem, a transferência do inquérito que investiga o roubo, antes a cargo da Corregedoria da Polícia Civil, para a Delegacia de Furtos e Roubos.
De acordo com o chefe de gabinete da Procuradoria Geral do Estado, Mozart Brum Silva, a denúncia do Ministério Público, no final de 1997 envolve, além de Mussoline, mais três delegados -entre eles, o superintendente da Polícia Judiciária, que continua no cargo.
O Ministério Público apurou o envolvimento de um policial civil na morte de Sabino Pereira Filho, dono de uma mina de esmeraldas em Santa Terezinha de Goiás, onde Mussoline também teria participação em um garimpo. O crime aconteceu em fevereiro de 94.
Segundo Brum, o inquérito que investigava o caso teria sido arquivado "por ordens superiores".
O ex-diretor-geral da Polícia Civil, contrariado com a decisão do governador, declarou, por meio de sua assessoria, que não vai comentar seu afastamento.
Nilpho Alves considerou uma "aberração" o processo movido pelo Ministério Público. "Não houve prevaricação e não há policiais envolvidos. A acusação não tem substância, é conversa fiada do Ministério Público."
Mussoline enfrentava um outro constrangimento. Seu filho, o empresário Antônio Eugênio Ribeiro Domingues de Moura Pacheco, foi preso pela Polícia Federal, em 12 de novembro, acusado de operar clandestinamente uma instituição financeira, fazer cobrança abusiva de juros, sonegar impostos e formar quadrilha. O empresário foi liberado anteontem com uma liminar obtida em pedido de habeas corpus apresentado por seus advogados.




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