São Paulo, sexta-feira, 15 de fevereiro de 2002

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ENCHENTES

Prefeita diz que programa emergencial criado em dezembro é alternativa enquanto não há verbas para obras

Marta acha seu plano "péssimo paliativo"

Moacyr Lopes Junior/Folha Imagem
Funcionários da prefeitura trabalham na limpeza das ruas e dos bueiros na região do Aricanduva


PALOMA COTES
DA REPORTAGEM LOCAL

A prefeita Marta Suplicy afirmou ontem que o problema das chuvas em São Paulo não terá solução a curto prazo, que o trabalho "não é fácil" e está apenas começando e que o SP Protege, plano emergencial da prefeitura contra enchentes, é um péssimo paliativo para a situação caótica que a cidade enfrenta nesta época.
Anteontem, a chuva que atingiu São Paulo entre 16h e 0h deixou a zona leste em estado de atenção, provocou pelo menos 18 pontos de alagamento -11 deles intransitáveis- e deixou região do córrego do Aricanduva inundada em menos de uma hora. Naquela área, carros ficaram cobertos e foram arrastados pelas águas.
"O SP Protege já está atuando e permite que as pessoas possam sair ou não de casa e retirar seus automóveis da rua. Agora, eu também percebo isso [o plano emergencial de enchentes" como um paliativo péssimo. Mas, no momento, quando não se pode construir 11 piscinões na região do Aricanduva, temos de pensar em algumas alternativas."
Implantado em 1º de dezembro do ano passado, o SP Protege é um plano de emergência criado pela prefeitura a fim de minimizar as consequências das enchentes.
O programa não prevê a construção de obras de contenção das águas, mas ações de defesa civil. Funciona da seguinte forma: quando chove, as administrações regionais recebem um alerta do Centro de Gerenciamento de Emergências (CGE), via Defesa Civil. Logo após o aviso, as regionais devem avisar os moradores do bairro sobre a intensidade da chuva e a necessidade de saída do local. Quando a chuva acaba, equipes do Limpurb e dos "governos locais" são acionadas para a limpeza das áreas atingidas.
O secretário de Implementação das Subprefeituras, Jilmar Tatto, afirmou que em nenhum momento a prefeita quis "desmerecer" o SP Protege. "A prefeita falou em paliativo péssimo porque esse é um assunto que não se resolve de repente."
Mais de 140 funcionários e 30 caminhões da prefeitura se revezaram ontem na operação de limpeza daquela região. Desde o começo do verão, o córrego Aricanduva já transbordou quatro vezes.
A prefeita afirmou que são necessários 11 piscinões para resolver o problema do córrego. Atualmente, a região conta somente com três e, segundo Marta, mais um será construído até o final deste ano. Para 2003, a prefeita prometeu construir mais um piscinão. "Não dá para exigir que em um ano e meio a gente resolva o problema."
A prefeita aproveitou para cobrar do ministro da Integração Nacional, Ney Suassuna, liberação de R$ 70 milhões do Orçamento que haviam sido solicitados por meio de uma emenda da bancada de deputados paulistas.
O ministro, que à tarde esteve em São Paulo, onde sobrevoou durante 30 minutos a área afetada pela enchente, deu poucas esperanças à prefeita de que essa verba vá ser liberada.
No entanto, Suassuna se comprometeu a tentar obter a liberação de recursos para a construção de três piscinões no Aricanduva, que totalizariam R$ 52 milhões.
No ano passado, de acordo com o ministro, o governo federal liberou R$ 500 mil, de uma verba de R$ 2,5 milhões, para a Prefeitura de São Paulo aplicar em medidas contra enchentes. Suassuna disse que os outros R$ 2 milhões deverão estar disponíveis em 15 dias.



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