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TRANSPORTE
Negócio foi feito em novembro, quando SPTrans era interventora na empresa; comprador é acusado de estelionato
Promotoria investiga venda de viação
DO "AGORA"
O Ministério Público decidiu
ontem abrir inquérito para apurar como a SPTrans (empresa que
gerencia o transporte público na
capital) permitiu que o uruguaio
Samy Gelman Jarovisky, foragido
da polícia e acusado de estelionato, comprasse a Viação Cidade Tiradentes, da zona leste.
A transação ocorreu em novembro passado, época em que a
empresa, que transporta cerca de
90 mil passageiros por dia, sofria
intervenção da SPTrans. Em três
meses, o órgão injetou R$ 11 milhões na viação. A prefeitura decidiu intervir na empresa devido à
falta de pagamento de motoristas
e cobradores.
Como garantia, Jarovisky deixou um terreno no valor de R$ 30
milhões em São Bernardo. Segundo o sindicato dos motoristas, o
terreno não é dele.
"Vamos investigar se houve improbidade administrativa ou prejuízo ao erário público", disse o
promotor Saad Mazloum.
De acordo com a polícia, Jarovisky, quando comprou a empresa, apresentou como seu sócio José Matilde de Arruda, que, na realidade, havia morrido seis meses
antes da negociação.
Segundo a Deatur (Delegacia
Especializada de Atendimento ao
Turista), Jarovisky é investigado
pela polícia por estelionato e falsificação de duplicatas.
A empresa, que desde 2002 atrasa salários e benefícios dos funcionários, ficou sob intervenção da
SPTrans de 22 de outubro de 2002
a 22 de janeiro deste ano.
Em 6 de janeiro, um novo contrato social foi feito nos nomes de
Jarovisky, Arruda e de um sócio
chamado Leoni Amadeo Guinle.
A distribuição das cotas ficou
assim: Jarovisky, com R$ 320 mil,
Guinle com R$ 400 mil e Arruda
com R$ 80 mil. Antes disso, a empresa era de Leonardo Capuano,
ainda não ouvido pela polícia.
A Deatur começou a investigar
o caso quando encontrou em janeiro, no aeroporto de Interlagos,
uma pasta com uma arma e um
bilhete: "Próxima empresa que
iremos quebrar Cidade Tiradentes Transportes Urbanos Zona
Leste (...) Laranja: José Matilde de
Arruda".
Segundo o presidente da
SPTrans, Gérson Luiz Bittencourt, Samy Gelman Jarovisky
não enganou apenas a administração municipal.
"Esse senhor teve reuniões com
membros do Ministério Público
do Trabalho, Tribunal Regional
Eleitoral, sindicato dos motoristas
e também o patronal. Nunca ninguém o apontou como sendo um
estelionatário", disse.
A SPTrans disse não temer a investigação do Ministério Público.
De acordo com Bittencourt, o aval
da compra da viação Cidade Tiradentes foi dado pela Departamento Jurídico da SPTrans.
Ainda em greve
Os motoristas e cobradores da
viação Cidade Tiradentes, que
opera na zona leste de São Paulo,
entraram ontem no quarto dia
consecutivo de greve.
Ontem, o TRT (Tribunal Regional do Trabalho) determinou o
bloqueio dos bens dos donos da
viação. Foi determinado ainda
que a SPTrans assuma os contratos de trabalho da empresa, impostos e todo o passivo trabalhista
dos empregados. A greve foi considerada não-abusiva pelo TRT.
A SPTrans informou que deverá
ser publicada no "Diário Oficial"
a convocação dos funcionários ao
trabalho. Os salários atrasados
ainda serão verificados pela empresa. A viação tem 265 ônibus. O
Paese (Plano de Apoio à Empresa
em Situação de Emergência) foi
acionado com 146 veículos.
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