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São Paulo, sábado, 15 de fevereiro de 2003

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TRANSPORTE

Negócio foi feito em novembro, quando SPTrans era interventora na empresa; comprador é acusado de estelionato

Promotoria investiga venda de viação

DO "AGORA"

O Ministério Público decidiu ontem abrir inquérito para apurar como a SPTrans (empresa que gerencia o transporte público na capital) permitiu que o uruguaio Samy Gelman Jarovisky, foragido da polícia e acusado de estelionato, comprasse a Viação Cidade Tiradentes, da zona leste.
A transação ocorreu em novembro passado, época em que a empresa, que transporta cerca de 90 mil passageiros por dia, sofria intervenção da SPTrans. Em três meses, o órgão injetou R$ 11 milhões na viação. A prefeitura decidiu intervir na empresa devido à falta de pagamento de motoristas e cobradores.
Como garantia, Jarovisky deixou um terreno no valor de R$ 30 milhões em São Bernardo. Segundo o sindicato dos motoristas, o terreno não é dele.
"Vamos investigar se houve improbidade administrativa ou prejuízo ao erário público", disse o promotor Saad Mazloum.
De acordo com a polícia, Jarovisky, quando comprou a empresa, apresentou como seu sócio José Matilde de Arruda, que, na realidade, havia morrido seis meses antes da negociação.
Segundo a Deatur (Delegacia Especializada de Atendimento ao Turista), Jarovisky é investigado pela polícia por estelionato e falsificação de duplicatas.
A empresa, que desde 2002 atrasa salários e benefícios dos funcionários, ficou sob intervenção da SPTrans de 22 de outubro de 2002 a 22 de janeiro deste ano.
Em 6 de janeiro, um novo contrato social foi feito nos nomes de Jarovisky, Arruda e de um sócio chamado Leoni Amadeo Guinle.
A distribuição das cotas ficou assim: Jarovisky, com R$ 320 mil, Guinle com R$ 400 mil e Arruda com R$ 80 mil. Antes disso, a empresa era de Leonardo Capuano, ainda não ouvido pela polícia.
A Deatur começou a investigar o caso quando encontrou em janeiro, no aeroporto de Interlagos, uma pasta com uma arma e um bilhete: "Próxima empresa que iremos quebrar Cidade Tiradentes Transportes Urbanos Zona Leste (...) Laranja: José Matilde de Arruda".
Segundo o presidente da SPTrans, Gérson Luiz Bittencourt, Samy Gelman Jarovisky não enganou apenas a administração municipal.
"Esse senhor teve reuniões com membros do Ministério Público do Trabalho, Tribunal Regional Eleitoral, sindicato dos motoristas e também o patronal. Nunca ninguém o apontou como sendo um estelionatário", disse.
A SPTrans disse não temer a investigação do Ministério Público. De acordo com Bittencourt, o aval da compra da viação Cidade Tiradentes foi dado pela Departamento Jurídico da SPTrans.

Ainda em greve
Os motoristas e cobradores da viação Cidade Tiradentes, que opera na zona leste de São Paulo, entraram ontem no quarto dia consecutivo de greve.
Ontem, o TRT (Tribunal Regional do Trabalho) determinou o bloqueio dos bens dos donos da viação. Foi determinado ainda que a SPTrans assuma os contratos de trabalho da empresa, impostos e todo o passivo trabalhista dos empregados. A greve foi considerada não-abusiva pelo TRT.
A SPTrans informou que deverá ser publicada no "Diário Oficial" a convocação dos funcionários ao trabalho. Os salários atrasados ainda serão verificados pela empresa. A viação tem 265 ônibus. O Paese (Plano de Apoio à Empresa em Situação de Emergência) foi acionado com 146 veículos.


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