São Paulo, quarta-feira, 15 de fevereiro de 2006

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

VIOLÊNCIA

Marco Antônio Desgualdo atirou para o alto

Chefe da Polícia Civil de São Paulo escapa de sequestro relâmpago

DO "AGORA"

O delegado-geral da Polícia Civil em São Paulo, Marco Antônio Desgualdo, 54, escapou de um seqüestro relâmpago, no domingo à noite, ao atirar "para o alto" quando ladrões tentaram rendê-lo. Acompanhado da mulher e de uma filha de 18 anos, ele tinha acabado de estacionar seu Renault Scenic numa avenida no Jabaquara (zona sul) quando foi abordado. Depois do tiro, os bandidos fugiram sem nada roubar.
Ontem, ele disse ter gostado da sua primeira experiência como vítima de assaltantes. "Por incrível que pareça, eu gostei da sensação. Foi bom sentir de novo o doce cheiro da pólvora no ar." De acordo com ele, o episódio o fez lembrar do tempo em que era policial de rua. "Bandido não tem vez", acrescentou.
Segundo Desgualdo, os ladrões chegaram em duas motos. Um deles atacou assim que o carro parou. "Ele estava com um revólver calibre 38 e mandou eu ir para o banco de trás. Tentei tranquilizá-lo e à minha família. Acho que ele percebeu que eu estava com uma arma e vacilou. Nesse instante, abri a porta do carro contra ele, atirei para o alto e eles fugiram."
O delegado disse ainda que chegou a correr "por uns 50 metros", mas não alcançou os ladrões. Diversas equipes da polícia foram acionadas, mas não prenderam ninguém. O Deic (Departamento de Investigações sobre o Crime Organizado) investiga o caso.
Apesar de ter reagido ao ataque, o delegado recomendou que outras pessoas não façam o mesmo. "Reagi porque sou policial, porque tenho anos de treinamento."
Especialistas concordam com ele ao dizer que a atitude do delegado-geral não deve ser imitada por pessoas sem treinamento.
O coronel da reserva José Vicente da Silva, ex-secretário Nacional da Segurança Pública, afirmou que "a idéia geral é, em princípio, não reagir. [Mas] isso não é absoluto. Ele, como policial experimentado, tem condições de avaliar o acerto de uma reação, coisa que 99% das pessoas não têm."
O presidente da Associação dos Delegados de Polícia do Estado de São Paulo, André Di Rissio, diz que quem não tem treinamento profissional não deve reagir. Ele defendeu a ação de Desgualdo. "Se o seqüestro relâmpago tivesse se consumado, o bandido iria perceber que era um policial, o que aumentaria o risco."


Colaborou a Reportagem Local


Texto Anterior: Manifesto pede manutenção da pena de coronel
Próximo Texto: Lembranças
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.