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Governo de SP decide parar obra do metrô
Consórcio Via Amarela terá de preparar laudos de segurança sobre todas as frentes de trabalho e submetê-los ao IPT
Os trabalhos de escavação
serão mantidos apenas
nos trechos em que a
paralisação da obra poderia
representar algum risco
DA REPORTAGEM LOCAL
DA REDAÇÃO
O governo de São Paulo determinou ontem a paralisação
da linha 4-amarela do metrô
paulista em todas as frentes de
trabalho até que laudos atestem a segurança da obra.
Os trabalhos só continuarão
nos casos e situações em que a
suspensão das atividades poderia representar insegurança.
A interrupção será mantida
até a elaboração de laudos pelo
Consórcio Via Amarela, responsável pela obra, que, por determinação do governo, terá de
submetê-los ao IPT (Instituto
de Pesquisas Tecnológicas).
Na medida em que os laudos
de cada uma das 23 frentes de
trabalho forem liberados pelo
IPT, os trechos serão retomados. Mas a expectativa é que a
construção da linha 4 só volte
ao normal em todos os trechos
depois de mais de dois meses.
A decisão foi tomada mais de
um mês depois do acidente que
deixou sete mortos na estação
Pinheiros e um dia após a divulgação de um laudo pelo "Jornal
Nacional", da TV Globo, que
apontava falhas de soldagem na
estação Fradique Coutinho que
poderiam "ocasionar acidentes
de proporções imprevisíveis".
O secretário dos Transportes
Metropolitanos, José Luiz Portella, divulgou a decisão após se
reunir com José Serra (PSDB).
O Consórcio Via Amarela, integrado por Odebrecht, OAS,
Queiroz Galvão, Camargo Corrêa e Andrade Gutierrez, nega
riscos na linha 4 e não havia se
manifestado sobre a decisão do
governo até a noite de ontem.
Assim como a direção do Metrô, as empreiteiras desqualificaram a conclusão do laudo sobre a soldagem na Fradique
Coutinho e afirmaram haver
segurança total na estação.
As duas partes, porém, se recusaram a fornecê-lo -a Folha
só obteve cópia do documento
por meio da TV Globo e do sindicato dos metroviários.
Sem informação
A suspensão, que afeta também os pagamentos às construtoras (que recebem pelo andamento das obras), foi anunciada no final da tarde de ontem,
após entrevistas em que as direções do Metrô e do consórcio
asseguravam não haver riscos
devido às soldas na Fradique.
O principal motivo de insatisfação de integrantes da gestão Serra -e estopim para paralisar as obras- foi o fato de o
consórcio não ter informado o
Metrô e a Promotoria sobre o
laudo da Fradique. O governo
só soube pela TV dos problemas de solda detectados havia
duas semanas. Diz que o Via
Amarela receberá advertência.
"O mais grave foi o consórcio
não ter informado ao Metrô e a
mim que havia um problema,
que havia um laudo que apontava insegurança", afirmou
Portella. "Parte do laudo o próprio consórcio contesta, mas só
que deveria ter contestado na
data em que ele foi feito, e não
agora. Isso é o mais grave."
Tanto o consórcio quanto o
governo minimizam as conclusões do laudo da Fradique. Dizem que há problemas de solda,
mas que não representam
ameaça à estrutura da obra.
Segundo Portella, dos laudos
necessários para 23 frentes,
seis já foram feitos (após solicitação de 17 de janeiro) e precisam apenas da análise do IPT.
Em duas semanas, o consórcio terá que contratar uma
equipe para fazer um pente fino e produzir os laudos restantes da linha 4. De acordo com o
secretário, o IPT conseguirá verificar os laudos de quatro frentes a cada dez dias. O governo
pediu todos os laudos da linha 4
desde o acidente em Pinheiros.
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