São Paulo, sexta-feira, 15 de fevereiro de 2008

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Seqüestro é frustrado após quadrilha bater carro em perseguição

Homem de 30 anos foi mantido refém no porta-malas do veículo; dois dos três criminosos ficaram presos nas ferragens

"Me machuquei muito na batida, a todo o instante pensei que ia morrer", disse vítima, que elogiou a atuação dos policiais

LUIS KAWAGUTI
DA REPORTAGEM LOCAL

O técnico de informática Jarbas Pereira da Silva, 30, foi mantido refém de três assaltantes no interior do porta-malas de seu Palio Weekend durante uma perseguição policial na madrugada de ontem em Perdizes, zona oeste da capital.
Ele foi ameaçado de morte e espancado. O carro acabou batendo e os bandidos sendo presos. Silva foi atacado em um semáforo na avenida Marquês de São Vicente, por volta das 0h30 de ontem. Um amigo em um carro próximo viu a ação dos bandidos e chamou a polícia.
Os criminosos foram perseguidos nas avenidas Pompéia e Francisco Matarazzo, até serem cercados no largo Padre Péricles, onde bateram na porta de uma loja de autopeças.
Júlio César Bessa de Almeida Cavalcante, 22, e um adolescente de 17 anos ficaram presos nas ferragens. O suspeito que dirigia o carro, Jairo Izidio de Lima Santos, 29, fugiu correndo mas foi preso em seguida por policiais militares do 23º Batalhão da PM. Os três criminosos tiveram ferimentos graves nos rostos. Eles foram encontrados com cocaína e maconha. Seus advogados não foram localizados pela reportagem.
Silva, que teve ferimentos na cabeça e na região do tórax, disse que essa foi a terceira vez que já foi assaltado. Leia abaixo sua entrevista.

 

FOLHA - Como o senhor foi capturado?
JARBAS PEREIRA DA SILVA -
Eu estava voltando de um trabalho já tarde da noite. Me abordaram na Marquês de São Vicente, estavam na rua a pé e chegaram em três. Disseram "isso é um assalto" e já foram pegando a chave e desligando o carro, depois me arrastaram para fora. Eram três contra um. Quando vi que não estavam armados comecei a querer reagir, para fugir deles. Só que me forçaram a entrar no porta-malas

FOLHA - Como a polícia foi avisada?
SILVA -
Teve um amigo meu que viu tudo, tínhamos nos encontrado por coincidência. Ele ligou para a polícia e ficou perseguindo o carro e passando as coordenadas para os policiais. Aí a polícia chegou e começou a perseguição. Eu só ouvia sirene, quando eu vi fiz sinal, peguei o macaco e comecei a bater no vidro. O [assaltante] que estava atrás estava mais nervoso e começou a me bater. Deram bastantes bofetões, por isso a minha cabeça está inchada. Bateram com a mão mesmo, não tinham nenhuma arma

FOLHA - Eles o ameaçaram?
SILVA -
Disseram que quando terminasse o assalto iam me dar um tiro. Logo que eu fui colocado no porta-malas pegaram a minha carteira, o meu celular e depois pegaram as senhas dos cartões. Eles falavam: "Me dá a senha, ele [outro criminoso] vai sacar todo o seu dinheiro, você não tem dinheiro aí?". Eu falava que não tinha.

FOLHA - Como foi a batida do carro?
SILVA -
Quando o carro bateu, o que passava pela minha cabeça era sair de dentro de lá ileso. Os dois [criminosos] ficaram presos nas ferragens, um deles conseguiu fugir, mas a polícia pegou na hora, foi uma operação bem rápida.

FOLHA - O senhor se machucou?
SILVA -
Me machuquei muito na batida, a todo o instante pensei que ia morrer. A polícia não atirou, foi com o máximo de cautela

FOLHA - O senhor já havia sido assaltado?
SILVA -
Já, essa foi a terceira vez. As outras foram no ano passado, não quero mais ter carro. Mas a vida continua, você fica triste, mas não vai se deixar abater por causa disso.


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