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Seqüestro é frustrado após quadrilha bater carro em perseguição
Homem de 30 anos foi mantido refém no porta-malas do veículo; dois dos três criminosos ficaram presos nas ferragens
"Me machuquei muito na batida, a todo o instante pensei que ia morrer", disse vítima, que elogiou a atuação dos policiais
LUIS KAWAGUTI
DA REPORTAGEM LOCAL
O técnico de informática Jarbas Pereira da Silva, 30, foi
mantido refém de três assaltantes no interior do porta-malas de seu Palio Weekend durante uma perseguição policial
na madrugada de ontem em
Perdizes, zona oeste da capital.
Ele foi ameaçado de morte e espancado. O carro acabou batendo e os bandidos sendo presos.
Silva foi atacado em um semáforo na avenida Marquês de
São Vicente, por volta das 0h30
de ontem. Um amigo em um
carro próximo viu a ação dos
bandidos e chamou a polícia.
Os criminosos foram perseguidos nas avenidas Pompéia e
Francisco Matarazzo, até serem cercados no largo Padre
Péricles, onde bateram na porta de uma loja de autopeças.
Júlio César Bessa de Almeida
Cavalcante, 22, e um adolescente de 17 anos ficaram presos
nas ferragens. O suspeito que
dirigia o carro, Jairo Izidio de
Lima Santos, 29, fugiu correndo mas foi preso em seguida
por policiais militares do 23º
Batalhão da PM. Os três criminosos tiveram ferimentos graves nos rostos. Eles foram encontrados com cocaína e maconha. Seus advogados não foram
localizados pela reportagem.
Silva, que teve ferimentos na
cabeça e na região do tórax, disse que essa foi a terceira vez que
já foi assaltado. Leia abaixo sua
entrevista.
FOLHA - Como o senhor foi capturado?
JARBAS PEREIRA DA SILVA - Eu estava voltando de um trabalho já
tarde da noite. Me abordaram
na Marquês de São Vicente, estavam na rua a pé e chegaram
em três. Disseram "isso é um
assalto" e já foram pegando a
chave e desligando o carro, depois me arrastaram para fora.
Eram três contra um. Quando
vi que não estavam armados
comecei a querer reagir, para
fugir deles. Só que me forçaram
a entrar no porta-malas
FOLHA - Como a polícia foi avisada?
SILVA - Teve um amigo meu
que viu tudo, tínhamos nos encontrado por coincidência. Ele
ligou para a polícia e ficou perseguindo o carro e passando as
coordenadas para os policiais.
Aí a polícia chegou e começou a
perseguição. Eu só ouvia sirene, quando eu vi fiz sinal, peguei o macaco e comecei a bater
no vidro. O [assaltante] que estava atrás estava mais nervoso
e começou a me bater. Deram
bastantes bofetões, por isso a
minha cabeça está inchada. Bateram com a mão mesmo, não
tinham nenhuma arma
FOLHA - Eles o ameaçaram?
SILVA - Disseram que quando
terminasse o assalto iam me
dar um tiro. Logo que eu fui colocado no porta-malas pegaram a minha carteira, o meu celular e depois pegaram as senhas dos cartões. Eles falavam:
"Me dá a senha, ele [outro criminoso] vai sacar todo o seu dinheiro, você não tem dinheiro
aí?". Eu falava que não tinha.
FOLHA - Como foi a batida do carro?
SILVA - Quando o carro bateu, o
que passava pela minha cabeça
era sair de dentro de lá ileso. Os
dois [criminosos] ficaram presos nas ferragens, um deles
conseguiu fugir, mas a polícia
pegou na hora, foi uma operação bem rápida.
FOLHA - O senhor se machucou?
SILVA - Me machuquei muito
na batida, a todo o instante
pensei que ia morrer. A polícia
não atirou, foi com o máximo
de cautela
FOLHA - O senhor já havia sido assaltado?
SILVA - Já, essa foi a terceira
vez. As outras foram no ano
passado, não quero mais ter
carro. Mas a vida continua, você fica triste, mas não vai se deixar abater por causa disso.
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