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Em qualquer circunstância, minha filha é vítima, diz pai
Brasileira ainda não sabe que polícia suíça desmentiu versão de gravidez
Segundo Oliveira, o estado
psicológico da advogada
pernambucana é grave
e não há previsão de alta e
retorno da família ao Brasil
MARCELO NINIO
ENVIADO ESPECIAL A ZURIQUE
O estado psicológico da advogada pernambucana Paula Oliveira é "grave e se tornou mais
preocupante", disse ontem o
pai dela, Paulo Oliveira. Segundo ele, não há previsão de alta.
Paula, 26, ainda não sabe que
a polícia suíça desmentiu a versão de que ela estava grávida no
momento da agressão que teria
sofrido na segunda-feira passada, na estação de trem de Dübendorf, a 3 km de Zurique.
Para poupá-la, o advogado
também ainda não contou à filha que a polícia suspeita que
ela mesma provocou os ferimentos em seu corpo. Um dia
após ter afirmado que acredita
na versão da filha -de que foi
atacada por skinheads e que teria sofrido aborto de um casal
de gêmeas num banheiro da estação-, Paulo fez ontem a primeira concessão em relação às
suspeitas da polícia suíça.
"Em qualquer circunstância,
a minha filha é vítima", disse
ele. "Ou é vítima de graves distúrbios psicológicos ou da
agressão, que desde o início ela
sustenta e [de que] não tenho
motivos ainda para duvidar."
Na sexta, a polícia apresentou os resultados de uma perícia independente, que descartou a gravidez de Paula no momento em que alega ter sido
agredida. Sobre os cortes no
corpo dela, o legista responsável pelo caso disse que há fortes
indícios de automutilação.
Paulo disse que não tem exames que comprovem a gravidez
da filha. "Como eu não morava
com ela e nem moro, não sei
onde estão os documentos",
contou o advogado. "Tudo o
que tenho são as informações
que ela transmitiu antes que
esta tragédia se iniciasse."
Ao chegar ao Hospital Universitário de Zurique, Paulo parecia desorientado. "Eu e ela
estamos em estado de choque",
disse ele, que precisou de ajuda
para achar o quarto de Paula.
Segundo ele, não há data para a
filha receber alta e que pretende levá-la ao Brasil quando isso
ocorrer. Mas descartou uma
saída apressada. "Não temos
motivos para fugir." Segundo
ele, a família decidiu não contar
à filha os resultados dos exames
da polícia para não piorar o seu
"grave estado psicológico".
Apesar da reviravolta no caso, Paulo garante que a família
não duvida da filha. "Não temos
motivos para isso. Aliás, em
qualquer versão proveniente
de uma pessoa em estado de
choque temos que esperar que
ela recobre a serenidade para
poder avaliar", disse ele, visivelmente abatido. "Não durmo
há quatro noites", afirmou.
A imprensa suíça deu grande
destaque à reviravolta no caso
Paula. Alguns jornais publicaram duros ataques. Um colunista do diário conservador
"Neue Zürcher Zeitung", um
dos maiores do país, acusa a imprensa brasileira de inventar
fatos "regularmente" e afirma
que o Brasil é um dos países
mais racistas do mundo.
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