São Paulo, domingo, 15 de fevereiro de 2009

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Em qualquer circunstância, minha filha é vítima, diz pai

Brasileira ainda não sabe que polícia suíça desmentiu versão de gravidez

Segundo Oliveira, o estado psicológico da advogada pernambucana é grave e não há previsão de alta e retorno da família ao Brasil


MARCELO NINIO
ENVIADO ESPECIAL A ZURIQUE

O estado psicológico da advogada pernambucana Paula Oliveira é "grave e se tornou mais preocupante", disse ontem o pai dela, Paulo Oliveira. Segundo ele, não há previsão de alta.
Paula, 26, ainda não sabe que a polícia suíça desmentiu a versão de que ela estava grávida no momento da agressão que teria sofrido na segunda-feira passada, na estação de trem de Dübendorf, a 3 km de Zurique.
Para poupá-la, o advogado também ainda não contou à filha que a polícia suspeita que ela mesma provocou os ferimentos em seu corpo. Um dia após ter afirmado que acredita na versão da filha -de que foi atacada por skinheads e que teria sofrido aborto de um casal de gêmeas num banheiro da estação-, Paulo fez ontem a primeira concessão em relação às suspeitas da polícia suíça.
"Em qualquer circunstância, a minha filha é vítima", disse ele. "Ou é vítima de graves distúrbios psicológicos ou da agressão, que desde o início ela sustenta e [de que] não tenho motivos ainda para duvidar."
Na sexta, a polícia apresentou os resultados de uma perícia independente, que descartou a gravidez de Paula no momento em que alega ter sido agredida. Sobre os cortes no corpo dela, o legista responsável pelo caso disse que há fortes indícios de automutilação.
Paulo disse que não tem exames que comprovem a gravidez da filha. "Como eu não morava com ela e nem moro, não sei onde estão os documentos", contou o advogado. "Tudo o que tenho são as informações que ela transmitiu antes que esta tragédia se iniciasse."
Ao chegar ao Hospital Universitário de Zurique, Paulo parecia desorientado. "Eu e ela estamos em estado de choque", disse ele, que precisou de ajuda para achar o quarto de Paula. Segundo ele, não há data para a filha receber alta e que pretende levá-la ao Brasil quando isso ocorrer. Mas descartou uma saída apressada. "Não temos motivos para fugir." Segundo ele, a família decidiu não contar à filha os resultados dos exames da polícia para não piorar o seu "grave estado psicológico".
Apesar da reviravolta no caso, Paulo garante que a família não duvida da filha. "Não temos motivos para isso. Aliás, em qualquer versão proveniente de uma pessoa em estado de choque temos que esperar que ela recobre a serenidade para poder avaliar", disse ele, visivelmente abatido. "Não durmo há quatro noites", afirmou.
A imprensa suíça deu grande destaque à reviravolta no caso Paula. Alguns jornais publicaram duros ataques. Um colunista do diário conservador "Neue Zürcher Zeitung", um dos maiores do país, acusa a imprensa brasileira de inventar fatos "regularmente" e afirma que o Brasil é um dos países mais racistas do mundo.


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