São Paulo, domingo, 15 de fevereiro de 1998

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CARNAVAL
Após quatro anos, cidade, que "ferve' no período carnavalesco, volta a ter desfile de escolas de samba
Corumbá une folia e turismo no Pantanal

RUBENS VALENTE
da Agência Folha, em Campo Grande

Corumbá, a 403 km de Campo Grande (MS), na divisa com a Bolívia, dá ao folião a oportunidade de conhecer as belezas do Pantanal durante o dia e pular o Carnaval à noite.
A tradição do Carnaval corumbaense está relacionada à influência que a cidade sofre do Rio de Janeiro há mais de cem anos, desde a implantação do 6º Distrito Naval de Ladário, hoje o maior arsenal fluvial latino.
A base da Marinha trouxe e continua trazendo à região principalmente marinheiros cariocas, o que confere à cidade uma aproximação inusitada com o Rio, apesar dos 1.847 km que separam as duas cidades.
Marcando essa identificação, a tradição do Carnaval corumbaense recebeu o reconhecimento do carnavalesco Joãosinho Trinta, que já levou crianças da cidade para participar de cursos de bateria em escolas de samba do Rio.
Perdendo espaço para os trios elétricos, o desfile das escolas não ocorreu nos últimos quatro anos.
Em visita à cidade, em julho último, Joãosinho Trinta disse aos carnavalescos locais: "O ritmo baiano está descaracterizando nosso carnaval".
Mas o desfile de escolas está sendo retomado este ano, com apoio da prefeitura. O custo, de R$ 150 mil, será em parte arcado por uma cervejaria.
À beira do rio Paraguai e com uma temperatura média de 28 graus, mas que não raramente chega aos 40, Corumbá "ferve" no período carnavalesco, com quatro escolas de samba com aproximadamente 8.000 integrantes, cinco blocos oficiais, cerca de 20 informais e um Carnaval de rua que chega a reunir 30 mil pessoas.
Saudosos do Rio, os marinheiros já participavam das primeiras manifestações carnavalescas, por volta de 1914. Era a época do "corso" -desfile de carros alegóricos que saiu de moda.
A mais antiga escola de samba em atividade, "A Pesada", foi criada há cerca de 40 anos.
A presidente da Fundação de Cultura do Pantanal de Corumbá, Dinorá Cestare de Lima, 45, disse que o Carnaval na cidade esteve entre os três melhores do interior do país até a década de 70.
A prefeitura este ano montou um pacote turístico barato, de quatro noites e cinco dias de Carnaval e turismo por R$ 250 e R$ 202 por pessoa, incluindo hospedagem, deslocamento e alimentação, entre os dias 21 e 25.
Durante as tardes, o turista poderá fazer passeios de barco pelo rio Paraguai, afluentes e baías, onde vivem jacarés, tuiuiús, capivaras e outros animais.
O "city tour" mostra aos visitantes prédios históricos. A cidade, fundada em 1778, registrou alto índice de desenvolvimento entre o final do século passado e meados deste século, tendo tanta importância no então unificado Estado do Mato Grosso (que compreendia também o atual Mato Grosso do Sul) quanto a própria capital, Cuiabá.
O Porto Geral de Corumbá era o terceiro maior porto fluvial da América Latina até 1930. Nessa época, funcionavam ali 25 bancos internacionais e a moeda corrente era a libra esterlina.
Corumbá se inscreve também na Guerra do Paraguai, quando foi ocupada e destruída pelas tropas do comandante paraguaio Solano Lopez em 1865, sem resistência. A retomada ocorreu em 1867.



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