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CARNAVAL
Após quatro anos, cidade, que "ferve' no período carnavalesco, volta a ter desfile de escolas de samba
Corumbá une folia e turismo no Pantanal
RUBENS VALENTE
da Agência Folha, em Campo Grande
Corumbá, a 403 km de Campo
Grande (MS), na divisa com a Bolívia, dá ao folião a oportunidade
de conhecer as belezas do Pantanal
durante o dia e pular o Carnaval à
noite.
A tradição do Carnaval corumbaense está relacionada à influência que a cidade sofre do Rio de
Janeiro há mais de cem anos, desde a implantação do 6º Distrito
Naval de Ladário, hoje o maior arsenal fluvial latino.
A base da Marinha trouxe e continua trazendo à região principalmente marinheiros cariocas, o que
confere à cidade uma aproximação inusitada com o Rio, apesar
dos 1.847 km que separam as duas
cidades.
Marcando essa identificação, a
tradição do Carnaval corumbaense recebeu o reconhecimento do
carnavalesco Joãosinho Trinta,
que já levou crianças da cidade para participar de cursos de bateria
em escolas de samba do Rio.
Perdendo espaço para os trios
elétricos, o desfile das escolas não
ocorreu nos últimos quatro anos.
Em visita à cidade, em julho último, Joãosinho Trinta disse aos
carnavalescos locais: "O ritmo
baiano está descaracterizando
nosso carnaval".
Mas o desfile de escolas está sendo retomado este ano, com apoio
da prefeitura. O custo, de R$ 150
mil, será em parte arcado por uma
cervejaria.
À beira do rio Paraguai e com
uma temperatura média de 28
graus, mas que não raramente
chega aos 40, Corumbá "ferve"
no período carnavalesco, com
quatro escolas de samba com
aproximadamente 8.000 integrantes, cinco blocos oficiais, cerca de
20 informais e um Carnaval de rua
que chega a reunir 30 mil pessoas.
Saudosos do Rio, os marinheiros
já participavam das primeiras manifestações carnavalescas, por volta de 1914. Era a época do "corso"
-desfile de carros alegóricos que
saiu de moda.
A mais antiga escola de samba
em atividade, "A Pesada", foi criada há cerca de 40 anos.
A presidente da Fundação de
Cultura do Pantanal de Corumbá,
Dinorá Cestare de Lima, 45, disse
que o Carnaval na cidade esteve
entre os três melhores do interior
do país até a década de 70.
A prefeitura este ano montou
um pacote turístico barato, de
quatro noites e cinco dias de Carnaval e turismo por R$ 250 e R$
202 por pessoa, incluindo hospedagem, deslocamento e alimentação, entre os dias 21 e 25.
Durante as tardes, o turista poderá fazer passeios de barco pelo
rio Paraguai, afluentes e baías, onde vivem jacarés, tuiuiús, capivaras e outros animais.
O "city tour" mostra aos visitantes prédios históricos. A cidade,
fundada em 1778, registrou alto
índice de desenvolvimento entre o
final do século passado e meados
deste século, tendo tanta importância no então unificado Estado
do Mato Grosso (que compreendia também o atual Mato Grosso
do Sul) quanto a própria capital,
Cuiabá.
O Porto Geral de Corumbá era o
terceiro maior porto fluvial da
América Latina até 1930. Nessa
época, funcionavam ali 25 bancos
internacionais e a moeda corrente
era a libra esterlina.
Corumbá se inscreve também na
Guerra do Paraguai, quando foi
ocupada e destruída pelas tropas
do comandante paraguaio Solano
Lopez em 1865, sem resistência. A
retomada ocorreu em 1867.
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