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PF prende jovem acusado de vender diplomas
Segundo investigação, rapaz de 22 anos vendia diplomas universitários por R$ 1,8 mil; agentes procuram compradores em 14 Estados
Entre os beneficiados está uma falsa médica de MG, não achada ontem; direito, engenharia e enfermagem também tinham procura
RODRIGO VARGAS
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CAMPO GRANDE
JOÃO CARLOS MAGALHÃES
DA AGÊNCIA FOLHA
A Polícia Federal mobilizou
ontem agentes em 14 Estados
para desmantelar um esquema
de venda de diplomas universitários falsos que era todo operado pela internet, segundo o
órgão, por um rapaz de 22 anos,
a partir de Tangará da Serra
(MT), onde ele morava.
Segundo as investigações,
que duraram cerca de seis meses, Thiago Francisco Vieira
Pereira fazia anúncios em salas
de bate-papo e fóruns virtuais,
negociava com os interessados
por e-mail e remetia os certificados pelos Correios, via sedex.
Estudante de um curso técnico
de enfermagem, ele fazia os diplomas na impressora de casa,
ainda de acordo com a PF.
Um dos artifícios que usava
para convencer os clientes da
confiabilidade do produto era
dizer que eles eram "quentes",
ou seja, que tinham sido impressos pelas próprias instituições e repassados a ele por
meio de "contatos" que tinha
dentro das universidades.
Apenas no período em que
foi vigiado, Pereira vendeu pelo
menos 34 diplomas, cada um
por R$ 1.800, e ganhou R$
61.200, de acordo com a PF. Ele
foi interrogado ontem. Segundo sua advogada, Lidiane Forcelini, Pereira queria entrar no
esquema, se preparava para isso, mas nunca chegou a produzir nada (leia texto abaixo).
Foram expedidos 34 mandados de busca e apreensão para
vasculhar as casas de pessoas
consideradas clientes do rapaz
em SP, RJ, MG, PR, RS, SC, MS,
ES, MT, PE, MA, AC, PA e BA.
Em algumas ações, não foi possível achar os documentos ou
as pessoas. A operação foi apelidada de "Cola", alusão à prática
de trapacear durante provas.
Os compradores dos diplomas falsos serão investigados
pela PF -o enquadramento em
algum tipo de crime vai depender do uso que fizeram do documento. A Unip (Universidade Paulista) é a instituição mais
constante, devido ao número
de campi no interior paulista
-região para onde Pereira enviou diversos certificados.
Graças ao esquema, uma mulher que exercia ilegalmente a
medicina em Araponga (MG)
quase obteve um falso diploma
da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais) -antes de
terminar a transação, Pereira
desistiu. Ela não foi encontrada
ontem pela PF em MG.
Há também o caso de uma
pessoa de São Paulo que usou o
documento para participar de
um concurso público e o de um
técnico florestal de Salete (SC)
que comprou um diploma de
engenheiro florestal, possivelmente utilizado por ele em seu
trabalho atual, nos EUA.
Entre os outros cursos que os
compradores diziam ter se formado estão enfermagem, engenharia, fisioterapia e direito.
"Boa parte das pessoas queria
apenas dar um "upgrade" [aprimoramento] na carreira", disse
Adalton Martins, chefe da Unidade de Repressão a Crimes Cibernéticos da PF, em Brasília.
Para Martins, a ação solitária
de Pereira é uma evidência de
como as novas tecnologias
transformaram o crime. "Foi
tudo feito no computador pessoal, da difusão [da oferta] à
confecção dos diplomas. Acreditamos que ele usava programas de edição de imagens caseiros para criá-los", disse.
A UFMG não se pronunciou
sobre o caso da falsa médica,
até por não ter sido contatada
pela PF ainda. A Unip enviou
nota, em que afirma considerar
a falsificação de diplomas universitários "um delito da maior
gravidade, que constitui ameaça extremamente séria à sociedade". No mesmo texto, a instituição diz que os fatos "devem
ser investigados cabalmente e
punidos com todo o rigor".
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