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Após 10 anos de aumento, cai nº de transplantes de córnea
Queda das cirurgias em 2007 foi de 2%, contra crescimento de 718% de 1996 a 2006
São Paulo, Estado onde é feita quase a metade dos transplantes do país, teve queda de 7%; o número passou de 5.295 para 4.920
MATHEUS PICHONELLI
THIAGO REIS
DA AGÊNCIA FOLHA
Após dez anos de crescimento ininterrupto, o número de
transplantes de córnea caiu no
país em 2007. De acordo com a
ABTO (Associação Brasileira
de Transplantes de Órgãos), no
ano passado foram realizadas
9.940 cirurgias.
De 1996 a 2006, o número de
procedimentos saltou de 1.237
para 10.124 (um crescimento
de 718%). É a primeira queda
desde então. O revés ocorre no
ano de recuperação das doações e transplantes de órgãos.
Em São Paulo, onde é feita
quase a metade dos transplantes de córnea, houve queda de
5.295 para 4.920. Alagoas, que
tem o pior índice em doações
de órgãos do país, realizou só
dois transplantes deste tipo em
2007, segundo a ABTO.
Para o oftalmologista Elcio
Sato, professor da Unifesp e
coordenador da área de transplantes de tecidos da associação, a queda no índice pode ser
explicada pela paralisação por
mais de 60 dias das atividades
do principal banco de córneas
do país, o de Sorocaba (SP), devido a uma disputa com o Coren (Conselho Regional de Enfermagem) em 2007.
O conselho requisitava que a
captação de órgãos tivesse a
presença de enfermeiros ou
médicos e proibiu a atuação de
profissionais de nível técnico.
O banco, responsável por 75%
das córneas transplantadas no
Estado, dizia não ter condições
de custear os salários e suspendeu atividades.
Um acordo, assinado com o
Ministério Público e que permitiu a atuação do técnico em
enfermagem sob supervisão de
um enfermeiro, pôs fim à crise.
"É como se tivéssemos parado no tempo", diz Sato, que já
presidiu a Associação Pan-Americana de Banco de Olhos.
O Ministério da Saúde diz
que há no país 24 mil pessoas
na fila por uma córnea.
Uma reportagem da Folha
do ano passado mostrou que,
por meio de uma brecha na lei,
a União pagava por córneas inviáveis para transplante.
A estimativa é que o governo
federal gaste ao menos R$ 6,3
milhões anuais na captação de
córneas sem qualidade ou cujos exames mostram a inviabilidade do transplante. A União
nega haver má-fé.
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