São Paulo, sábado, 15 de março de 2008

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Após 10 anos de aumento, cai nº de transplantes de córnea

Queda das cirurgias em 2007 foi de 2%, contra crescimento de 718% de 1996 a 2006

São Paulo, Estado onde é feita quase a metade dos transplantes do país, teve queda de 7%; o número passou de 5.295 para 4.920

MATHEUS PICHONELLI
THIAGO REIS
DA AGÊNCIA FOLHA

Após dez anos de crescimento ininterrupto, o número de transplantes de córnea caiu no país em 2007. De acordo com a ABTO (Associação Brasileira de Transplantes de Órgãos), no ano passado foram realizadas 9.940 cirurgias.
De 1996 a 2006, o número de procedimentos saltou de 1.237 para 10.124 (um crescimento de 718%). É a primeira queda desde então. O revés ocorre no ano de recuperação das doações e transplantes de órgãos.
Em São Paulo, onde é feita quase a metade dos transplantes de córnea, houve queda de 5.295 para 4.920. Alagoas, que tem o pior índice em doações de órgãos do país, realizou só dois transplantes deste tipo em 2007, segundo a ABTO.
Para o oftalmologista Elcio Sato, professor da Unifesp e coordenador da área de transplantes de tecidos da associação, a queda no índice pode ser explicada pela paralisação por mais de 60 dias das atividades do principal banco de córneas do país, o de Sorocaba (SP), devido a uma disputa com o Coren (Conselho Regional de Enfermagem) em 2007.
O conselho requisitava que a captação de órgãos tivesse a presença de enfermeiros ou médicos e proibiu a atuação de profissionais de nível técnico. O banco, responsável por 75% das córneas transplantadas no Estado, dizia não ter condições de custear os salários e suspendeu atividades.
Um acordo, assinado com o Ministério Público e que permitiu a atuação do técnico em enfermagem sob supervisão de um enfermeiro, pôs fim à crise.
"É como se tivéssemos parado no tempo", diz Sato, que já presidiu a Associação Pan-Americana de Banco de Olhos.
O Ministério da Saúde diz que há no país 24 mil pessoas na fila por uma córnea.
Uma reportagem da Folha do ano passado mostrou que, por meio de uma brecha na lei, a União pagava por córneas inviáveis para transplante.
A estimativa é que o governo federal gaste ao menos R$ 6,3 milhões anuais na captação de córneas sem qualidade ou cujos exames mostram a inviabilidade do transplante. A União nega haver má-fé.


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