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HC suspeita que fogo foi provocado por furto de cabos
Hipótese foi cogitada após superintendência receber laudo do IPT sobre incêndio na unidade na véspera do Natal
Já o segundo incêndio, em janeiro e de menor
proporção, teria sido criminoso, diz IPT; HC deu à
imprensa só parte do laudo
ROGÉRIO PAGNAN
DA REPORTAGEM LOCAL
O incêndio ocorrido no Hospital das Clínicas na véspera do
Natal, que provocou pânico em
pacientes e funcionários, pode
ter resultado de uma tentativa
de furto de cabos elétricos.
Essa é a principal suspeita
anunciada ontem pela superintendência do hospital com base
no resultado das investigações
do IPT (Instituto de Pesquisas
Tecnológicas). Já o segundo incêndio, ocorrido em janeiro e
de menor proporção, teria sido
criminoso, segundo o laudo.
O anúncio foi feito pelo superintendente do HC, José Manoel de Camargo Teixeira, e pelo diretor-executivo do Instituto Central, Massayuki Yamamoto, que divulgaram apenas
parte do laudo.
Sobre o primeiro incêndio, o
documento diz que não "se pôde comprovar que o incêndio
foi deliberadamente provocado" e não aponta categoricamente como o fogo começou.
A "causa mais provável", segundo o documento, é a existência de cabos elétricos cortados e com as "extremidades
fundidas, devido à geração de
arcos elétricos". Em outras palavras, os fios cortados teriam
criado correntes elétricas e,
dessa forma, a combustão.
De acordo com Teixeira, dois
fatos reforçam a suspeita de
tentativa de furto. Foram achados rolos de fios cortados e
enrolados em depósitos próximos. O outro fato foi a constatação do furto de uma tubulação de cobre do 6º andar do ambulatório, percebido "dois ou
três dias" depois do incêndio.
O superintendente não soube explicar como alguém entrou no complexo para furtar
essa fiação sem ser percebido.
Pior: não soube explicar, ainda,
o que o HC pretende fazer para
evitar novos casos. "Eu não sei
o que a gente pode fazer."
Uma das possibilidades, segundo ele, é aumentar o monitoramento pelas câmeras. As
existentes, segundo Teixeira,
não foram capazes de detectar
nenhum movimento estranho.
Além de pânico, o incêndio
da véspera do Natal também
provocou a interdição parcial
do ambulatório e, com isso, a
necessidade de remarcação de
4.000 consultas. Hoje, a situação está normalizada.
Álcool
Sobre o segundo incêndio, no
dia 23 de janeiro e que atingiu
apenas uma sala do complexo,
o documento do IPT não deixa
dúvida: "O incêndio foi deliberadamente provocado, fazendo
uso de álcool para iniciar e acelerar o processo de queima".
Essa certeza toda, porém,
criou uma indagação ao promotor da Habitação e Urbanismo, José Carlos Freitas, que foi
informado do teor do documento pela Folha. "Como que
se descobriu que foi álcool, se é
um elemento tão volátil? Por
que não seria outro combustível? Estou curioso para ter
acesso ao laudo para saber."
Teixeira informou que convidou um representante do
IPT para participar da apresentação dos laudos, para esclarecer detalhes técnicos, mas
ninguém aceitou o convite.
Procurado, o instituto informou que só pode dar informações sobre o laudo se tiver uma
autorização por escrito do HC,
que contratou o serviço.
Assim como no caso dos supostos ladrões de fios, o superintendente do HC disse não
ter a mínima idéia de quem poderia ter colocado fogo deliberadamente no hospital, como
aponta o laudo para o segundo
incêndio. Para ele, nenhuma
hipótese foi descartada -como
alguém querendo "derrubá-lo".
Teixeira informou que houve
"remanejamentos" de equipes.
Não disse, porém, quantos trabalhadores e os procedimentos
modificados.
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