São Paulo, sábado, 15 de março de 2008

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HC suspeita que fogo foi provocado por furto de cabos

Hipótese foi cogitada após superintendência receber laudo do IPT sobre incêndio na unidade na véspera do Natal

Já o segundo incêndio, em janeiro e de menor proporção, teria sido criminoso, diz IPT; HC deu à imprensa só parte do laudo

ROGÉRIO PAGNAN
DA REPORTAGEM LOCAL

O incêndio ocorrido no Hospital das Clínicas na véspera do Natal, que provocou pânico em pacientes e funcionários, pode ter resultado de uma tentativa de furto de cabos elétricos.
Essa é a principal suspeita anunciada ontem pela superintendência do hospital com base no resultado das investigações do IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológicas). Já o segundo incêndio, ocorrido em janeiro e de menor proporção, teria sido criminoso, segundo o laudo.
O anúncio foi feito pelo superintendente do HC, José Manoel de Camargo Teixeira, e pelo diretor-executivo do Instituto Central, Massayuki Yamamoto, que divulgaram apenas parte do laudo.
Sobre o primeiro incêndio, o documento diz que não "se pôde comprovar que o incêndio foi deliberadamente provocado" e não aponta categoricamente como o fogo começou.
A "causa mais provável", segundo o documento, é a existência de cabos elétricos cortados e com as "extremidades fundidas, devido à geração de arcos elétricos". Em outras palavras, os fios cortados teriam criado correntes elétricas e, dessa forma, a combustão.
De acordo com Teixeira, dois fatos reforçam a suspeita de tentativa de furto. Foram achados rolos de fios cortados e enrolados em depósitos próximos. O outro fato foi a constatação do furto de uma tubulação de cobre do 6º andar do ambulatório, percebido "dois ou três dias" depois do incêndio.
O superintendente não soube explicar como alguém entrou no complexo para furtar essa fiação sem ser percebido. Pior: não soube explicar, ainda, o que o HC pretende fazer para evitar novos casos. "Eu não sei o que a gente pode fazer."
Uma das possibilidades, segundo ele, é aumentar o monitoramento pelas câmeras. As existentes, segundo Teixeira, não foram capazes de detectar nenhum movimento estranho.
Além de pânico, o incêndio da véspera do Natal também provocou a interdição parcial do ambulatório e, com isso, a necessidade de remarcação de 4.000 consultas. Hoje, a situação está normalizada.

Álcool
Sobre o segundo incêndio, no dia 23 de janeiro e que atingiu apenas uma sala do complexo, o documento do IPT não deixa dúvida: "O incêndio foi deliberadamente provocado, fazendo uso de álcool para iniciar e acelerar o processo de queima".
Essa certeza toda, porém, criou uma indagação ao promotor da Habitação e Urbanismo, José Carlos Freitas, que foi informado do teor do documento pela Folha. "Como que se descobriu que foi álcool, se é um elemento tão volátil? Por que não seria outro combustível? Estou curioso para ter acesso ao laudo para saber."
Teixeira informou que convidou um representante do IPT para participar da apresentação dos laudos, para esclarecer detalhes técnicos, mas ninguém aceitou o convite.
Procurado, o instituto informou que só pode dar informações sobre o laudo se tiver uma autorização por escrito do HC, que contratou o serviço.
Assim como no caso dos supostos ladrões de fios, o superintendente do HC disse não ter a mínima idéia de quem poderia ter colocado fogo deliberadamente no hospital, como aponta o laudo para o segundo incêndio. Para ele, nenhuma hipótese foi descartada -como alguém querendo "derrubá-lo".
Teixeira informou que houve "remanejamentos" de equipes. Não disse, porém, quantos trabalhadores e os procedimentos modificados.


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