|
Texto Anterior | Índice
Lourival Lima Filho, o apito e a vitória
WILLIAN VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
Quando batia bola na "baba", a pelada de rua da várzea, lá com seus dez anos de
idade, Lourival Dias Lima Filho "pegava sempre no gol".
Um dia a gurizada estranhou. Ele "pediu pra apitar",
o que faria até o fim da vida.
Foi em Nazaré das Farinhas (BA) que nasceu torcendo pro Bahia. O irmão, só
pra contrariar, decidiu pelo
Vitória. Ambos jogavam futebol, mas só Lourival tinha
anseios. Começou apitando
jogos amadores, passou a
atuar na vizinha Santo Antônio de Jesus, até que o diretor da federação baiana de
futebol viu que ele levava jeito. Foi para um pensionato
em Salvador, passou dificuldade, mas fez o curso para árbitro profissional, em 1994.
Foi aceito pela CBF.
Sua primeira partida como
profissional foi em 1995,
Mundo Novo x Itaberaba. Já
no ano seguinte, Lourival
apitou a primeira partida na
série A do Brasileirão, América-RN x Atlético-PR. Pois
já era o "árbitro bombeiro,
para jogos mais quentes", na
definição de um colega de
campo. Lourival tinha 1,80
m, mais de 80 kg, voz grave e
"postura elegante", que "impunha respeito no jogo".
Já pesara 110 kg, mas emagrecera para ser aceito pela
CBF. "Nossa família tem
uma tendenciazinha a engordar", diz o irmão. Lourival venceu o obstáculo. Foi
até secretário de esportes da
cidade natal. Mas "sua paixão era arbitrar".
Em dezembro, já fora do limite de idade para a carreira
(42 anos, para a Fifa), abandonou o apito. Tinha 45 ao
morrer no domingo, em um
acidente de carro, voltando
de uma palestra.
obituario@folhasp.com.br
Texto Anterior: Mortes Índice
|