São Paulo, sábado, 15 de março de 2008

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Lourival Lima Filho, o apito e a vitória

WILLIAN VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

Quando batia bola na "baba", a pelada de rua da várzea, lá com seus dez anos de idade, Lourival Dias Lima Filho "pegava sempre no gol". Um dia a gurizada estranhou. Ele "pediu pra apitar", o que faria até o fim da vida.
Foi em Nazaré das Farinhas (BA) que nasceu torcendo pro Bahia. O irmão, só pra contrariar, decidiu pelo Vitória. Ambos jogavam futebol, mas só Lourival tinha anseios. Começou apitando jogos amadores, passou a atuar na vizinha Santo Antônio de Jesus, até que o diretor da federação baiana de futebol viu que ele levava jeito. Foi para um pensionato em Salvador, passou dificuldade, mas fez o curso para árbitro profissional, em 1994. Foi aceito pela CBF.
Sua primeira partida como profissional foi em 1995, Mundo Novo x Itaberaba. Já no ano seguinte, Lourival apitou a primeira partida na série A do Brasileirão, América-RN x Atlético-PR. Pois já era o "árbitro bombeiro, para jogos mais quentes", na definição de um colega de campo. Lourival tinha 1,80 m, mais de 80 kg, voz grave e "postura elegante", que "impunha respeito no jogo".
Já pesara 110 kg, mas emagrecera para ser aceito pela CBF. "Nossa família tem uma tendenciazinha a engordar", diz o irmão. Lourival venceu o obstáculo. Foi até secretário de esportes da cidade natal. Mas "sua paixão era arbitrar".
Em dezembro, já fora do limite de idade para a carreira (42 anos, para a Fifa), abandonou o apito. Tinha 45 ao morrer no domingo, em um acidente de carro, voltando de uma palestra.


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