São Paulo, terça-feira, 15 de março de 2011

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Qualidade da água no Guarujá é insatisfatória em 37 pontos

Análises do Instituto Adolfo Lutz feitas entre dezembro e janeiro apontam coliformes na água

Surtos de diarreia são comuns na cidade do litoral paulista durante o verão; chuva pode ter influência no resultado

JOSÉ ERNESTO CREDENDIO
DE BRASÍLIA

A água distribuída na maior parte do Guarujá a partir do fim de dezembro estava imprópria para consumo, segundo laudos elaborados pelo Instituto Adolfo Lutz, a pedido da prefeitura da cidade.
Neste ano, pelo segundo verão consecutivo, o Guarujá passou por um surto de diarreia. Houve ao menos 960 casos até os primeiros dias de janeiro. A fonte da contaminação não foi descoberta.
Em 2010, quando houve 6.390 casos, comprovou-se que o problema ocorreu no abastecimento público.
O Guarujá tem 290 mil habitantes; na alta temporada, a população chega a 455 mil.
No verão deste ano, a prefeitura local recebeu laudos de amostras de água retirada da rede da Sabesp em 40 pontos, como escolas, hotéis, creches e até em um centro de saúde e um hospital.
A coleta ocorreu entre os dias 15 de dezembro e 20 de janeiro. A qualidade da água foi considerada "em desacordo com a legislação" e "insatisfatória" em 37 amostras.
A água contaminada pode transmitir infecções e doenças graves, como hepatite.
A causa mais comum da baixa qualidade da água foi a concentração de coliformes, bactérias presentes nas fezes humanas e animais -29 pontos. A presença de coliformes na água, diz o padrão de testes realizados, deve ser zero.
Também havia amostras com excesso de cloro residual -o que resta após a fase de tratamento- e água com cor e turbidez fora do padrão.
Os laudos do Lutz não indicam causas para a contaminação. O órgão indica urgente necessidade de investigar a origem dos coliformes.
A Prefeitura do Guarujá, com base no diagnóstico, aplicou autos de infração de R$ 180 por cada um dos laudos. A Sabesp pode recorrer.
Para Aristides Almeida Rocha, professor aposentado do Departamento de Saúde Ambiental da Faculdade de Saúde Pública da USP, não há razão para alarme da população do Guarujá.
A pedido da Folha, analisou os laudos da prefeitura.
Concluiu que as chuvas influenciaram resultados, alterando turbidez e cor da água.

CHUVA E REFLUXO
A Secretaria Municipal de Saúde da cidade atribui o resultado a uma conjunção de imprevistos, além da chuva. O órgão diz que houve um problema em bombas da Sabesp que causou um "refluxo", o que fez com que a água fosse puxada de volta e trouxesse fontes de contaminação. Além disso, em janeiro, uma tubulação da Sabesp estourou na praia da Enseada.

Colaborou RICARDO GALLO


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