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ADMINISTRAÇÃO
Ação da Prefeitura de SP beneficiava desempregados e moradores de rua; secretário aponta mudança de foco
Programa de emprego para carente é extinto
FABIANE LEITE
DA REPORTAGEM LOCAL
A Prefeitura de São Paulo decidiu extinguir o Operação Trabalho, programa voltado para a população carente e que criou 3.500
vagas em serviços nas subprefeituras da cidade. Os beneficiados
eram, principalmente, desempregados e moradores de rua.
O secretário municipal do Trabalho, Gilmar Viana, afirma que a
extinção do programa deve-se a
uma "mudança de foco" da pasta.
E que novas frentes serão abertas
apenas se houver orçamento e necessidade específica.
"Morador é um problema que
não tem só em São Paulo, não tem
condição fiscal que resolva. A secretaria perseguirá qualificação
[de jovens para o mercado], intermediação [de vagas] e empreendedorismo através de microcrédito. [Empregos para] morador de
rua são programas de corte assistencial. Infelizmente não é nosso
público", disse Viana à Folha.
O programa foi criado em 2001,
na gestão Marta Suplicy (PT), para auxiliar pessoas desempregadas com baixa escolaridade. O
projeto foi mantido pela gestão do
ex-prefeito José Serra (PSDB),
pré-candidato ao governo do Estado, que, no fim de 2005, abriu
1.500 vagas para interessados em
atuar contra possíveis enchentes,
com bolsa mensal de R$ 363,45
para seis horas diárias.
Os candidatos deveriam ter
mais de 18 anos, renda familiar de
até meio salário mínimo e não poderiam ser beneficiários de outros
programas sociais.
Só 24 trabalham
Em janeiro deste ano, mais
2.000 pessoas foram contratadas,
disse Viana. Pela lei que criou a
iniciativa, todos os contratados
poderiam ficar, no máximo, até 12
meses na função. Segundo Viana,
apenas 24 pessoas continuam trabalhando, mas essas bolsas não
serão renovadas.
No fim do ano passado, a prefeitura contratou sem licitação, por
quase R$ 1 milhão, a empresa da
mulher do secretário dos Transportes, Frederico Bussinger, para
treinar parte dos selecionados para fazer calçadas -o contrato foi
anulado após o caso ser revelado
pela Folha. Mas, apesar do término do acordo, o treinamento foi
concluído, disse Viana.
Indagado sobre qual seria o encaminhamento das pessoas que
estavam nas frentes de trabalho, o
secretário da Assistência Social,
Floriano Pesaro, disse que o assunto era incumbência da pasta
do Trabalho. Já o titular dessa secretaria disse que o problema era
da Assistência Social. A reportagem, então, voltou a procurar Pesaro, mas não obteve resposta.
"O mais triste é que essas pessoas deixaram albergues, alugaram cômodos, começaram a adquirir bens e, de repente, sofrem
cisão", afirmou Sandro Ricardo
Ruys, coordenador da Comunidade Povo de Rua São Martinho
de Lima, que acolhe sete trabalhadores da frente -cinco deles já
foram dispensados.
"Sei que já acabou para nós. Estamos fazendo calçada. Mas é só
até o fim do mês. Foi um choque,
até já tinha voltado para a escola",
afirma o ex-morador de rua Luís
João dos Santos, 45, que, com o
salário, havia trocado o albergue
por uma pensão.
Santos esperava trabalhar nove
meses reparando calçadas. Quer
seguir o estudo, mas deve voltar
ao albergue por não ter como pagar a pensão. "Ou para a rua."
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