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EDUARDO LOPES MARTINS FILHO (1939 - 2008)
Uma receita que entrou para a história
WILLIAN VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
"Não era reclamão, não, só
gostava das coisas perfeitas",
diz a viúva -que era, afinal,
quem escolhia as receitas de
bolo imortalizadas no jornalismo brasileiro, aquelas que
preenchiam o espaço vago
das reportagens de "O Estado de S.Paulo" censuradas
pela ditadura, nos anos 70.
Isso quando Eduardo Lopes
Martins, antigo menino das
palavras cruzadas, já era um
dos editores de política mais
visados do país.
"Sempre foi privilegiado
da cuca", o garoto nascido
em Cáceres (MT) que veio
para São Paulo com o pai militar. Ganhava um concurso
de palavras cruzadas atrás do
outro, no "Estado", e acabou
virando colaborador -e logo
redator, repórter, editor, de
economia, interior, cultura.
Aposentou-se em 2006, como chefe do arquivo. O jornal foi o único emprego de
sua vida.
Sua outra devoção era para
com os livros, que amontoava em três quartos e duas salas, em casa, ou "onde coubesse uma estante". Costume dos tempos das palavras
cruzadas, quando "Eduardinho" era chamado para corrigir os erros de português
dos marmanjos. Assim virou
especialista em português,
autor do manual de redação
do "Estado" e de outros livros de gramática.
Não que fosse lá muito organizado. "Mas sabia mandar bem as pessoas organizarem", diz a viúva Maria Thereza. "Era editor até em casa." Morreu anteontem, de
insuficiência respiratória,
aos 68. Justo quando voltaria
a fazer, para a Agência Estado, as palavras cruzadas.
obituario@folhasp.com.br
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