São Paulo, terça-feira, 15 de abril de 2008

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EDUARDO LOPES MARTINS FILHO (1939 - 2008)

Uma receita que entrou para a história

WILLIAN VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

"Não era reclamão, não, só gostava das coisas perfeitas", diz a viúva -que era, afinal, quem escolhia as receitas de bolo imortalizadas no jornalismo brasileiro, aquelas que preenchiam o espaço vago das reportagens de "O Estado de S.Paulo" censuradas pela ditadura, nos anos 70. Isso quando Eduardo Lopes Martins, antigo menino das palavras cruzadas, já era um dos editores de política mais visados do país.
"Sempre foi privilegiado da cuca", o garoto nascido em Cáceres (MT) que veio para São Paulo com o pai militar. Ganhava um concurso de palavras cruzadas atrás do outro, no "Estado", e acabou virando colaborador -e logo redator, repórter, editor, de economia, interior, cultura. Aposentou-se em 2006, como chefe do arquivo. O jornal foi o único emprego de sua vida.
Sua outra devoção era para com os livros, que amontoava em três quartos e duas salas, em casa, ou "onde coubesse uma estante". Costume dos tempos das palavras cruzadas, quando "Eduardinho" era chamado para corrigir os erros de português dos marmanjos. Assim virou especialista em português, autor do manual de redação do "Estado" e de outros livros de gramática.
Não que fosse lá muito organizado. "Mas sabia mandar bem as pessoas organizarem", diz a viúva Maria Thereza. "Era editor até em casa." Morreu anteontem, de insuficiência respiratória, aos 68. Justo quando voltaria a fazer, para a Agência Estado, as palavras cruzadas.

obituario@folhasp.com.br

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