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Presídio de Abadía e Beira-Mar é atacado
Grupo fortemente armado, com o apoio de um helicóptero, trocou tiros com agentes da Penitenciária Federal de Campo Grande
Polícia diz que já sabe quem eram os possíveis alvos
da ação, que não deixou feridos; para diretor, a
operação foi só um teste
RODRIGO VARGAS
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CAMPO GRANDE
Considerada a mais segura
do país, a Penitenciária Federal
de Campo Grande, onde estão
presos como os traficantes Fernandinho Beira-Mar e o colombiano Juan Carlos Abadía, foi
atacada, no final da noite de domingo, por um grupo fortemente armado. No momento
dos tiros, um helicóptero não
identificado sobrevoou as imediações da unidade.
Os agentes penitenciários
reagiram e houve troca de tiros.
Granadas e bombas de efeito
moral foram usadas contra os
agressores, que fugiram após
cerca de 15 minutos de tiroteio.
Para o Depen (Departamento Penitenciário Nacional),
houve uma tentativa frustrada
de resgate -a prisão abriga
atualmente 155 presos.
A Polícia Federal investiga o
caso. Segundo o diretor do Sistema Penitenciário Federal,
Wilson Salles Damázio, o serviço de inteligência que atua nos
presídios já identificou os possíveis alvos da ação. Ele não
mencionou nomes, mas disse
acreditar que o ataque tenha sido apenas um "teste de força".
"Por tudo o que vi, me pareceu mais um teste, como se eles
dissessem: "Se colar, colou".
Mas é claro que a reação dos
agentes foi decisiva e impediu
que o grupo se aproximasse."
Segundo Damázio, os primeiros disparos foram ouvidos
pelos sentinelas das quatro torres de vigilância por volta das
22h05. Pelo menos oito agressores se concentravam em dois
pontos, na parte da frente e nos
fundos da unidade. Pelo som,
os agentes avaliam que uma das
armas pode ser um fuzil de uso
exclusivo das Forças Armadas.
Os agentes, armados com fuzis, espingardas e pistolas, reagiram. Como o presídio fica em
uma área isolada, a falta de iluminação externa dificultava a
reação. Cerca de 230 agentes
trabalham no presídio, em sistema de revezamento.
Agentes relataram ter ouvido, no momento da fuga, barulho de motocicletas. Uma testemunha disse ter visto um carro
estacionado nas imediações da
unidade. Os reforços enviados
pelas polícias Federal e Militar
fizeram varreduras nas imediações, sem sucesso. A Polícia Rodoviária Federal bloqueou as
saídas para outros Estados.
Ontem, ao vistoriar a unidade, os agentes descobriram que
os agressores haviam rompido
uma cerca na parte dos fundos.
O advogado de Beira-Mar e
Abadía, Luiz Gustavo Battaglin,
negou a possibilidade de participação de seus clientes no
atentado ao presídio. Segundo
ele, a ação é "incompatível"
com o "momento" vivido pelos
traficantes. "Ambos estão muito tranqüilos e vêm recebendo
notícias positivas da Justiça."
Entre as boas notícias para
Beira-Mar, diz o advogado, estaria a possibilidade de transferência para o Rio. Já Abadía, diz
o advogado, teria "aceitado
bem" tanto a recente condenação -30 anos- quanto a notícia de que o STF (Supremo Tribunal Federal) autorizou sua
extradição para os EUA.
Em 19 de janeiro, também
durante o turno da noite, outro
helicóptero chamou a atenção
dos agentes. O episódio ocorreu um dia após a chegada ao
presídio dos libaneses Farouk
Omairi e Kaled Omairi, ambos
condenados a 11 anos e 8 meses
por tráfico de drogas.
Apontado em 2006, em relatório do Departamento de Estado dos EUA, como um dos financiadores do partido Hezbollah na região da tríplice fronteira com o Paraguai e a Argentina, Farouk também figura como suspeito de participação no
atentado terrorista ocorrido
em Buenos Aires, em 1994, na
sede da Associação Mutual Israelita Argentina.
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