São Paulo, quinta-feira, 15 de abril de 2010

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Apesar de alerta, escola funciona sobre lixão

Colégio da rede municipal na zona norte de SP está em terreno que, segundo a Cetesb, tem alta concentração de gás inflamável

Prefeitura fez em 2007 acordo com o órgão para transferência da escola, que tem 289 alunos de 4 a 6 anos

Fotos Danilo Verpa/Folha Imagem
Escola que foi erguida sobre um lixão; no detalhe, poço de controle de gás, que também existe dentro do colégio

EDUARDO GERAQUE
DA REPORTAGEM LOCAL

Com 289 alunos de 4 a 6 anos, uma escola municipal na Vila Nova Cachoeirinha (zona norte de São Paulo) funciona sobre um antigo aterro de lixo que, segundo a Cetesb, tem grandes concentrações de gás metano, que oferece riscos de explosão e contaminação.
Em 2007, o órgão estadual e a prefeitura decidiram pela retirada da escola, mas ainda não há previsão para que isso aconteça.
"Nós confiamos no que eles [funcionários da escola] dizem, que não existe risco. As crianças, pelo menos, não entendem o problema", diz Mirtes Penalva, moradora do bairro, enquanto espera seu filho na saída da escola de educação infantil Vicente Paulo da Silva.
A mãe se diz mais preocupada com a possível mudança do colégio. "Aqui perto não tem outra escola infantil. Se for para longe, como estão falando, meu filho não estudará mais".
O aterro sob os pés das crianças da escola Vicente Paulo da Silva existiu entre 1960 e 1980. O nome do local, inaugurado em 1988, na gestão Jânio Quadros (1917-1992), é uma homenagem a um escultor mineiro.
Desde 1999 é sabido oficialmente que o local está sobre um aterro de lixo. Os resíduos não estão visíveis e as crianças não têm contato com eles.
Perto do grupo infantil, famílias vivem em casas da Cohab também construídas em área de risco. Em 2006, na gestão Kassab (DEM), a prefeitura recebeu multa ambiental pela ocupação da região.
Com exceção da escola, onde o problema é discutido com os pais dos alunos, o resto do bairro fica sabendo das informações por vizinhos. Procurada, a prefeitura não soube dizer a extensão do aterro.

Em toda a cidade
Na capital paulista, mais de 30 zonas de moradias estão crescendo sobre antigos aterros ou lixões. Viver em lugares assim não significa apenas desafiar as eventuais explosões, mas a transmissão de doenças.
Locais onde o lixo aflora, como ocorre em algumas favelas, podem gerar focos de leptospirose ou cólera, segundo especialistas. A água do lençol freático, normalmente usada em poços artesianos, também pode ser facilmente contaminada.
Das áreas identificadas como problemáticas, algumas estão parcialmente sob loteamentos e outras por baixo de favelas.
Duas delas, a da Willin (Ipiranga) e da Quadra de Futebol (Brasilândia), estão 100% construídas em áreas de lixão.


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