São Paulo, sexta-feira, 15 de abril de 2011 |
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Cone de estimação Furtados por moradores, porteiros ou jovens saindo da balada, entre 50 e 70 cones somem todo domingo dos 30 km da ciclofaixa de São Paulo; prejuízo chega a R$ 80 mil e deixa ação mais cara, diz Federação Paulista de Ciclismo
CAROLINA LEAL DE SÃO PAULO É só a ciclofaixa ser montada, na madrugada de domingo, que uma série de "buracos" aparece na fila de 6.000 cones distribuídos pelos 30 km da via em São Paulo. Cerca de 50 a 70 cones "somem" a cada edição, segundo a Federação Paulista de Ciclismo, responsável pela sinalização. Já são quase 2.000 furtos desde agosto de 2009, quando a ciclofaixa entrou em funcionamento. Com o custo de fábrica de cada cone em torno de R$ 40, a federação estima o prejuízo em R$ 80 mil. "Esse custo quem acaba assimilando é o patrocinador. A ação acaba ficando mais cara", afirma Marcos Mazzaron, diretor da ciclofaixa pela federação. O horário em que "tudo acontece", segundo Mazzaron, é das 3h30 às 6h30. A via começa a funcionar às 7h. Mazzaron conta que a federação já recuperou cones levados para dentro de prédios por moradores ou porteiros. Volta e meia eles aparecem em pontos de táxi. "A gente localiza porque eles não têm o cuidado nem de tirar a logomarca da federação ou da ciclofaixa." Outras vezes, são jovens saindo da balada que passam e jogam um ou mais cones dentro do carro. Cerca de 85 fiscais se espalham ao longo da ciclofaixa. Quando um deles flagra algum caso, a orientação é chamar a polícia. Quase sempre o cone é devolvido, e o próprio policial orienta que a pessoa seja liberada. Para Mazzaron, isso não basta. "Fazemos questão de levar para a delegacia, para servir de exemplo." Em 13 de fevereiro, dois jovens foram flagrados por um funcionário da Federação Paulista de Ciclismo quando pegavam um cone ao sair de uma festa. A PM foi chamada, e eles devolveram o cone. Mesmo assim, foram levados à delegacia e respondem a inquérito por suspeita de furto. Segundo o advogado dos jovens, Rodrigo Sergio Dias, eles não tinham a intenção de levar o cone embora, só de mudá-lo de lugar. Ele afirma que, nesse caso, se aplica o princípio de insignificância -quando o valor do objeto furtado é ínfimo e não causa prejuízo relevante. Há jurisprudência -em 2009, o STJ (Superior Tribunal de Justiça) trancou uma ação penal relativa ao furto de um cone em Fortaleza e declarou que houve constrangimento ilegal. Dias entrou na Justiça para tentar trancar o inquérito, mas o pedido foi negado. A defesa recorreu. DECORAÇÃO Em toda a cidade, a CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) repõe 3.720 cones por ano, por desgaste ou possível furto. No caso das placas, o volume é ainda maior: 1.200 por mês, das 380 mil espalhadas pela cidade. O custo para a substituição varia. Uma placa de proibição de estacionamento custa, em média, R$ 75. Na internet, pipocam comunidades dos colecionadores de cones e placas. O motoboy W., 21, é um deles. Ele, que pediu para não ser identificado, contabiliza um cone e mais de 90 placas de todo tipo na parede do quarto. W. começou a pegar placas na rua, usando alicate ou chave de fenda. Com o tempo, começou a receber "presentes". A coleção inclui placas de carro e de banheiro. "Morava num quarto que não tinha quase nada. Aí fui pegando as plaquinhas, coloquei na parede". Ele diz que é contra pegar vários cones na rua. Um, para enfeitar o quarto, "tudo bem". Texto Anterior: Moacir Ribeiro de Freitas (1930-2011): Um major da PM que fazia versos Próximo Texto: Paraná: Justiça condena jovens por site racista Índice | Comunicar Erros |
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