GILMAR PENTEADO
DA REPORTAGEM LOCAL

O novo diretor do Denarc (Departamento de Investigações sobre Narcóticos) de São Paulo, Ivaney Cayres de Souza, vai assumir o cargo com a principal missão de vigiar seus próprios policiais. A Folha apurou que ele foi escolhido para o cargo por ser considerado um chefe "linha dura", perfil ideal para comandar uma reestruturação no departamento.
Entre as medidas para aumentar o monitoramento dos policiais estão a confecção de relatórios no final de cada plantão e a setorização do trabalho, diminuindo a autonomia do investigador. Afastamentos de policiais problemáticos também serão avaliados.
Com 410 policiais, o Denarc tornou-se um problema para a Secretaria de Estado da Segurança Pública. Nos últimos seis meses, o departamento viveu três escândalos envolvendo nove investigadores, um agente e um delegado. Todos foram afastados e sete foram presos -sendo que três conseguiram relaxamento da prisão.
A falta de controle sobre os policiais foi a causa do afastamento do delegado divisionário do Denarc Ubiracyr Pires da Silva. A crise também atingiu o diretor do departamento, Marco Antonio Ribeiro de Campos, que colocou à disposição o cargo que ocupava desde 1999.
Conhecido entre os colegas como "linha dura" e "delegado de rua" -que acompanha os seus subordinados em operações-, Souza tem perfil diferente do de Campos. "Na rua, ele acompanha seus comandados mais de perto", afirmou o delegado Roberto Maurício Genofre, corregedor-geral da Polícia Civil de São Paulo.
Para membros da cúpula da Polícia Civil, a saída para resgatar a imagem do Denarc e evitar novos desgastes está na criação de mecanismos rígidos de controle dos policiais do departamento.
Delegados afirmam que o antigo comando do Denarc dava muita liberdade para os policiais. Agora, a ordem é monitorar cada saída de um policial para uma investigação na rua.
O departamento deve ser reestruturado, e o novo diretor tem carta branca para monitorar e substituir seus subordinados.
Diretor da Deinter (Delegacia da Polícia Judiciária do Interior) 7, na região de Sorocaba (SP), Souza disse ontem ter aceito o convite para assumir o Denarc. A nomeação deve ser publicada hoje no "Diário Oficial" do Estado.
Há 21 anos na polícia, Souza confirmou o plano da Secretaria da Segurança Pública de criar "um novo Denarc" e de promover o monitoramento da rotina dos policiais, mas não quis detalhar o projeto porque sua nomeação não estava formalizada. "Quem não quiser seguir minha filosofia pode ir embora", afirmou o delegado ontem.
Ele pretende levar de 25 a 27 policiais de Sorocaba para formar a sua equipe no Denarc. O delegado Everardo Tanganelli, que trabalha com Souza em Sorocaba, será o novo delegado divisionário da Dise (Divisão de Investigação sobre Entorpecentes), cargo ocupado antes por Silva.



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