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GUERRA URBANA
Em São Miguel, base da GCM é metralhada em praça lotada
CLÁUDIA COLLUCCI
FERNANDA BASSETTE
CONSTANÇA TATSCH
DA REPORTAGEM LOCAL
14h de ontem. A praça da Vila
Mara, em São Miguel Paulista
(zona leste), estava lotada. Garotos brincavam na pista de skate,
ao lado da minibiblioteca. Várias
pessoas circulavam na rua São
Gonçalo do Rio das Pedras, onde
havia uma feira livre. Na ponta da
praça, uma unidade da GCM
(Guarda Civil Municipal) com pelo menos oito guardas no interior.
De repente, dois carros, com
cinco pessoas em cada um, passaram em alta velocidade e dispararam tiros de metralhadora contra
a base da CGM. Dois guardas, um
homem e uma mulher, ficam feridos. Os colegas não revidaram em
razão do grande número de pessoas que circulavam pelo local.
"Se tivéssemos revidado teria sido uma tragédia", afirma o inspetor-chefe regional da GCM, Rovilson José Laudino. Segundo ele,
um dos guardas só não foi morto
porque usava colete à prova de
balas. "Mesmo assim, ele quebrou
as costelas", diz Laudino. A guarda feminina foi baleada na coxa.
Ambos estão internados no Hospital Municipal Tide Setubal, mas
não correm risco de morte. O caso
foi registrado no 22º DP.
Na noite de ontem, o clima na
Vila Mara era de silêncio e medo.
A pracinha alvo do ataque, que
normalmente fica lotada até por
volta da meia-noite, estava vazia.
Assustadas, as famílias não deixaram os filhos saírem às ruas.
"Passei o dia em Guarulhos e
quando cheguei soube do tiroteio.
Minha mãe não deixou mais a
gente sair de casa", disse uma jovem de 18 anos, atrás das grades
do conjunto habitacional Vila
Mara, que fica em frente à praça.
A Folha bateu na porta ou apertou a campainha de cinco casas
vizinhas, mas apenas um morador atendeu a reportagem. Ele
disse que tinha ouvido os tiros,
mas preferia não comentar o ataque. "Estamos com muito medo."
O mesmo pavor podia ser visto
nos olhos dos quatro guardas municipais, que, armados com submetralhadoras, faziam a segurança da base alvejada à tarde. Eles
impediram a aproximação da reportagem da Folha e a aconselharam sair rapidamente do bairro.
"Está muito perigoso", disseram.
Perto dali, policiais fortemente
armados revistavam os carros que
passavam pelas ruas.
Bombeiros
Um suspeito foi morto ontem
após troca de tiros com policiais
militares em Perus, zona norte de
São Paulo. De acordo com a polícia, ele estava com uma granada e
pretendia jogá-la contra um posto
do Corpo de Bombeiros.
O tiroteio aconteceu às 14h30,
depois que a polícia foi avisada
por um telefonema anônimo da
possibilidade de um ataque na região. Durante patrulhamento,
quatro policiais avistaram uma
moto suspeita e, segundo a Polícia
Militar, foram recebidos com tiros, a 100 metros do Corpo de
Bombeiros. O carro da polícia foi
acertado duas vezes. Um dos suspeitos fugiu e o outro morreu.
Bombeiros dizem ter visto um
homem passar a pé pelo local,
olhando detalhadamente o posto.
Depois do tiroteio, ele voltou correndo e foi resgatado por uma outra moto. Para a corporação, a dupla estaria vigiando o local, com o
objetivo de dar aval para outra
dupla realizar o ataque.
Uma granada foi encontrada
com o morto, que não portava
documentos, mas usava um boné
com o símbolo chinês do yin-yang -adotado como escudo da
facção PCC.
"Tem um monte de tiros vindo
para o seu lado e você não sabe o
que vai acontecer. A gente fica
pensando nas famílias o dia todo", disse um policial que participou do tiroteio e pediu para não
ter o nome divulgado.
Entre os bombeiros, o clima era
ainda mais tenso. Atrás dos portões fechados, eles observavam
atentamente cada carro que passava diante do posto e temiam o
que estaria por vir à noite.
"Os bombeiros não estavam
preparados para esse tipo de ataque. A cultura do bombeiro não é
de repressão", disse um deles, que
também não quis ser identificado. "A gente sente preocupação e
revolta", afirmou outro, relembrando a morte de um amigo
bombeiro na noite de anteontem,
em um ataque no centro de São
Paulo.
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