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Infraero investiga Infraero por falta de obra
Presidente da estatal abriu auditoria para saber por que a empresa demorou para iniciar a reforma da pista de Congonhas
Pereira negou que a investigação tenha a ver com a CPI do Apagão Aéreo, que apura irregularidades em outros contratos da estatal
ROGÉRIO PAGNAN
DA REPORTAGEM LOCAL
O presidente da Infraero, José Carlos Pereira, anunciou ontem a abertura de uma auditoria interna para investigar a
própria estatal sobre as falhas
de planejamento nas obras do
aeroporto de Congonhas, na
zona sul de São Paulo.
Pereira admitiu que a estatal
(responsável pela administração dos aeroportos brasileiros)
sabia há pelo menos quatro
anos da necessidade de reformar a pista principal de Congonhas. Nada foi feito até a última
sexta-feira, quando foi assinado um contrato emergencial,
no valor de R$ 20 milhões.
A Infraero diz que uma concorrência pública seria o procedimento mais adequado, mas
como o processo levaria cerca
de 18 meses, a saída foi o contrato de emergência.
Desde fevereiro, por determinação da Justiça, o aeroporto é interditado todas as vezes
em que chove forte.
Pereira, porém, não explicou
porque ele, que está na presidência da estatal desde março
de 2006 e ocupou outros cargos
na empresa, demorou mais de
um ano para tomar a iniciativa.
As obras na pista principal
provocaram ontem uma série
de atrasos nos vôos e até a
transferência de pousos para
outras cidades. Uma tempestade à noite ocasionou a interdição do aeroporto por 25 minutos.
O consórcio responsável pela
obra, que deve durar 135 dias, é
composto pelas empresas OAS
e Galvão. As duas construtoras
integram um outro consórcio,
contratado pela Infraero para a
reforma geral do aeroporto e da
pista auxiliar. Esse contrato, no
valor de quase R$ 200 milhões,
é investigado pelo Ministério
Público Federal por suspeita de
superfaturamento.
O presidente da Infraero na
época em que esse contrato foi
assinado era Carlos Wilson, hoje deputado federal pelo PT de
Pernambuco -também investigado pelo Ministério Público,
com base em relatório do TCU
(Tribunal de Contas da União).
"A leniência foi dele, que estava na empresa há um ano e
três meses e deixou para fazer a
obra de Congonhas agora. E,
antes de ser presidente da empresa, foi diretor de operações
durante dez meses", afirmou.
A investigação, disse Pereira,
terá como base Congonhas,
mas será estendida a outros aeroportos do país e irá abranger
"todas as gestões anteriores".
Segundo ele, 40 auditores devem trabalhar nessa investigação, que deve demorar 30 dias.
"Este fato era previsível? Desde
quando? Quem era responsável
por detectar este fato?", elencou ele as perguntas que deverão ser respondidas.
Pereira afirmou não ter surgido nenhum fato novo para
iniciar a investigação e negou
por duas vezes que a auditoria
tenha ligação com a criação de
uma CPI do Apagão Aéreo, que
quer investigar contratos da estatal. "Tem nada a ver com CPI.
Estou pouco ligando para CPI."
O resultado da auditoria, disse ele, será usado para melhorar a estrutura da empresa, mas
todas as irregularidades detectadas serão encaminhadas ao
Ministério Público e ao TCU.
Ele também não mencionou
quais tipos de problema ocorreram nos outros aeroportos.
Pereira também anunciou
ontem a entrega, por iniciativa
própria, de cópias ao Ministério Público e ao TCU do contrato emergencial para reconstrução da pista de Congonhas. O
Ministério Público Federal havia informado que deveria pedir cópia desse contrato para
incluir na investigação sobre
superfaturamento.
Colaborou KLEBER TOMAZ ,
da Reportagem Local
LEIA sobre CPI do
Apagão Aéreo em BRASIL
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