|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Qualidade do ar melhora em SP, mas segue ruim
Em 2006, nível de ozônio foi maior que recomendado em 46 dias, ante 90 em 2002
Mesmo assim, especialista afirma que não é possível identificar uma tendência de queda do ozônio, que se forma na presença do sol
AFRA BALAZINA
DA REPORTAGEM LOCAL
A poluição do ar por ozônio
na região metropolitana de São
Paulo melhorou em 2006 em
relação a 2002 -foram 46 dias
em que o poluente ultrapassou
o nível recomendado, contra 90
daquele ano. O dado está no relatório de qualidade do ar da
Cetesb (Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental), que será apresentado hoje.
De acordo com a Cetesb, entretanto, ainda não é possível
dizer que há uma "tendência
clara" de queda no índice. Em
2005, houve 51 dias com ultrapassagem do padrão na área.
O ozônio é o poluente que
mais afeta São Paulo. Ele se forma na presença da luz solar e,
portanto, as condições meteorológicas influenciam bastante
sua concentração. Sua presença no ar causa irritação em
olhos, nariz e garganta e, se for
muito elevada, pode levar a graves problemas respiratórios.
De acordo com o consultor
em poluição veicular Gabriel
Branco, o período analisado
ainda não é suficiente para determinar uma tendência real de
queda da poluição por ozônio.
O médico patologista da USP
Paulo Saldiva, que estuda o impacto dos poluentes atmosféricos na saúde humana, diz estar
"alegre" pelo fato de não ter
ocorrido aumento de dias poluídos na área. Porém, afirma
que o problema está longe de
ser resolvido.
"Só a melhoria da tecnologia
dos motores dos carros não vai
solucionar a questão. É preciso
investir em transporte coletivo
de qualidade, mas nenhum governo quer assumir esse ônus."
Partículas
Em relação a partículas inaláveis -partículas suspensas da
espessura de um quinto de um
fio de cabelo-, a região metropolitana de São Paulo não teve
ultrapassagem do padrão.
Branco afirma que esse resultado era esperado, já que, a
partir da metade de 2005, a
emissão de fumaça de diesel
caiu devido ao Proconve (principal programa federal de controle da poluição por veículos).
O consultor e Saldiva ressaltam, entretanto, que a notícia
pode não ser tão boa assim. O
padrão em vigência no país é
bem menos rígido que o recomendado pela OMS (Organização Mundial da Saúde).
"Segundo as últimas recomendações da OMS, quanto
mais baixa a concentração, melhor [para a saúde], mesmo que
já esteja abaixo do padrão", diz
Branco. "Nesses anos, foi gerado muito conhecimento científico. O limite fixado pela OMS
não tem força de lei, mas, de
acordo com a organização, do
ponto de vista da saúde o padrão estabelecido hoje no país é
inadequado", afirma Saldiva.
Seria preciso analisar todos
os dados com novos limites para verificar quantas vezes a
concentração do poluente ultrapassaria o padrão da OMS.
A Vila Parisi, em Cubatão, região que concentra indústrias,
continua com altos índices de
poluição por partícula inalável
-a média anual em 2006 foi
praticamente o dobro da recomendada e em 50 dias houve
ultrapassagem do padrão. Em
três dias a poluição ficou acima
do nível de atenção.
Texto Anterior: Mortes Próximo Texto: Pólo cerâmico de SP, Santa Gertrudes sofre com poluição Índice
|