São Paulo, terça-feira, 15 de maio de 2007

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Qualidade do ar melhora em SP, mas segue ruim

Em 2006, nível de ozônio foi maior que recomendado em 46 dias, ante 90 em 2002

Mesmo assim, especialista afirma que não é possível identificar uma tendência de queda do ozônio, que se forma na presença do sol

AFRA BALAZINA
DA REPORTAGEM LOCAL

A poluição do ar por ozônio na região metropolitana de São Paulo melhorou em 2006 em relação a 2002 -foram 46 dias em que o poluente ultrapassou o nível recomendado, contra 90 daquele ano. O dado está no relatório de qualidade do ar da Cetesb (Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental), que será apresentado hoje.
De acordo com a Cetesb, entretanto, ainda não é possível dizer que há uma "tendência clara" de queda no índice. Em 2005, houve 51 dias com ultrapassagem do padrão na área.
O ozônio é o poluente que mais afeta São Paulo. Ele se forma na presença da luz solar e, portanto, as condições meteorológicas influenciam bastante sua concentração. Sua presença no ar causa irritação em olhos, nariz e garganta e, se for muito elevada, pode levar a graves problemas respiratórios.
De acordo com o consultor em poluição veicular Gabriel Branco, o período analisado ainda não é suficiente para determinar uma tendência real de queda da poluição por ozônio.
O médico patologista da USP Paulo Saldiva, que estuda o impacto dos poluentes atmosféricos na saúde humana, diz estar "alegre" pelo fato de não ter ocorrido aumento de dias poluídos na área. Porém, afirma que o problema está longe de ser resolvido.
"Só a melhoria da tecnologia dos motores dos carros não vai solucionar a questão. É preciso investir em transporte coletivo de qualidade, mas nenhum governo quer assumir esse ônus."

Partículas
Em relação a partículas inaláveis -partículas suspensas da espessura de um quinto de um fio de cabelo-, a região metropolitana de São Paulo não teve ultrapassagem do padrão.
Branco afirma que esse resultado era esperado, já que, a partir da metade de 2005, a emissão de fumaça de diesel caiu devido ao Proconve (principal programa federal de controle da poluição por veículos).
O consultor e Saldiva ressaltam, entretanto, que a notícia pode não ser tão boa assim. O padrão em vigência no país é bem menos rígido que o recomendado pela OMS (Organização Mundial da Saúde).
"Segundo as últimas recomendações da OMS, quanto mais baixa a concentração, melhor [para a saúde], mesmo que já esteja abaixo do padrão", diz Branco. "Nesses anos, foi gerado muito conhecimento científico. O limite fixado pela OMS não tem força de lei, mas, de acordo com a organização, do ponto de vista da saúde o padrão estabelecido hoje no país é inadequado", afirma Saldiva.
Seria preciso analisar todos os dados com novos limites para verificar quantas vezes a concentração do poluente ultrapassaria o padrão da OMS.
A Vila Parisi, em Cubatão, região que concentra indústrias, continua com altos índices de poluição por partícula inalável -a média anual em 2006 foi praticamente o dobro da recomendada e em 50 dias houve ultrapassagem do padrão. Em três dias a poluição ficou acima do nível de atenção.


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