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Plano Diretor prevê ampliar área comercial
Projeto em discussão prevê fim do limite de 250m2 para imóvel não-residencial em mais da metade da cidade
EVANDRO SPINELLI
DA REPORTAGEM LOCAL
A Prefeitura de São Paulo
quer acabar com a restrição de
tamanho dos imóveis comerciais em mais da metade da cidade. Hoje, nas ruas internas de
bairros como Vila Mariana, Pinheiros e Higienópolis, os imóveis comerciais podem ter no
máximo 250 m2. Já o limite para prédios residenciais, nesses
mesmos locais, é de até quatro
vezes a área total do terreno.
A proposta de revisão do Plano Diretor da cidade, concluída
em abril pela Secretaria Municipal de Planejamento, acaba
com esse limite de 250 m2 para
os prédios comerciais, que poderão ter o mesmo tamanho
dos prédios de apartamentos.
A revisão do plano também
quer reduzir a chegada de novos moradores a áreas residenciais destinadas às classes média e alta. No mesmo terreno
em que hoje é possível construir edifícios de até 20 apartamentos para a classe média, o
máximo permitido será de 16.
Em bairros residenciais de
alto padrão, prédios de até 40
apartamentos, poderão ter, no
máximo, 38.
Essas medidas constam da
proposta de revisão do Plano
Diretor, um calhamaço de 259
páginas que está disponível para consulta na internet.
As mudanças só ocorrerão se
o projeto de Gilberto Kassab
virar lei sem alterações. O texto
ainda precisa ser aprovado pela
CMPU (Comissão Municipal
de Política Urbana) e, em seguida, pela Câmara Municipal.
Kassab tem até o fim de junho para encaminhar o projeto
à Câmara. Na CMPU, ele será
discutido no dia 25 de maio.
O fim do limite de 250 m2 para prédios comerciais nas zonas mistas é visto com ressalvas por urbanistas e políticos
consultados pela Folha. "Me
assusta um pouco", disse o vereador Aurélio Nomura (PV),
que deve ser o relator do projeto do Plano Diretor na Câmara.
"Fazer isso sem transferir a
decisão para um estudo de impacto de vizinhança é temerário", afirmou Kazuo Nakano,
arquiteto urbanista e pesquisador do Instituto Pólis.
Por outro lado, as áreas onde
são permitidas apenas residências sofrerão o efeito contrário:
a chegada de novos imóveis será freada. Mas isso atingirá
apenas regiões de classes média e alta, onde a densidade populacional é menor.
Nakano diz que a medida elitiza a terra urbana. "Para ter
um imóvel eu vou precisar de
uma área maior e vou precisar
pagar mais. É a lógica da proteção e da elitização que já existe
nessas áreas mais residenciais", afirmou o arquiteto.
A Folha procurou a Secretaria de Planejamento, por meio
de sua assessoria de imprensa,
mas ninguém quis comentar o
assunto. De acordo com a assessoria, como o projeto ainda
está em debate, a prefeitura
prefere não se manifestar.
NA INTERNET - Leia a proposta no
site da Secretaria de Planejamento
http://sempla.prefeitura.sp.gov.br/
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