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Enem deve ser obrigatório para alunos da rede pública
MEC e secretários estaduais concordam com exigência do exame para obtenção de diploma
Mudança está prevista para 2010; ideia é usar o novo modelo da prova para uma autoavaliação de escolas e secretarias de Educação
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O Enem (Exame Nacional do
Ensino Médio) deverá se tornar obrigatório para o aluno da
rede pública obter o diploma de
conclusão do antigo colegial.
A medida foi acordada ontem
entre o Consed (Conselho Nacional dos Secretários de Educação) e o ministro Fernando
Haddad (Educação) e deve ser
colocada em prática já em 2010,
segundo Maria Auxiliadora
Seabra Rezende, presidente do
Consed, órgão que reivindicou
a mudança ao MEC.
Para a obrigatoriedade valer
também na escola privada, ela
teria de ser aprovada pelos conselhos estaduais de educação.
O Enem hoje é realizado em
1.560 cidades por cerca de 70%
dos alunos do ensino médio. Se
for universalizado, será necessário um esquema de transporte e hospedagem de alunos, já
que o exame não será aplicado
em sala de aula. "A prova pode
representar o acesso dele [o
aluno] à universidade, o que
exige cuidados maiores com a
segurança", diz Haddad.
Já a partir deste ano, o Enem
irá substituir o Encceja, usado
para avaliar alunos que fizeram
o ensino médio em supletivos.
Para eles, o diploma será condicionado a uma nota mínima
-definida por cada Estado.
Já para os alunos do ensino
médio regular não foi estabelecida uma nota mínima. Haddad
considera complicado fazer essa exigência, já que o diploma,
em sua visão, não deveria depender de uma única prova.
Segundo Maria Auxiliadora,
caberá ao comitê de governança do novo Enem -formado
por representantes do MEC, de
universidades e de secretarias
estaduais de Educação- decidir se haverá uma lei nacional
para tornar o Enem obrigatório
ou se cada Estado poderá optar
por aderir ou não.
Ela afirmou, porém, que a
obrigatoriedade do exame é um
consenso de todos os governos
estaduais e iria permitir às escolas e às secretarias fazerem
uma autoavaliação.
Conteúdo
O MEC divulgou ontem o
conteúdo das questões do novo
exame -que será adotado como única forma de seleção por
grande parte das universidades
federais. Antes, o programa da
prova mostrava só as habilidades exigidas. Agora, é mais detalhado (veja quadro ao lado).
A maneira de formular as
questões -que exige raciocínio
e relaciona a pergunta a assuntos do cotidiano- não será alterada. No entanto, elas exigirão
uma carga maior de informação, ao pedir a resolução de
problemas matemáticos e cobrar o conhecimento de fatos
históricos, por exemplo.
Haddad já deixou claro, entretanto, que o aluno não terá
de decorar datas.
O conteúdo traz ainda algumas inovações em relação aos
vestibulares tradicionais, elencando, por exemplo, conhecimentos de linguagens corporais e artísticas. Segundo a secretária de Educação Básica do
MEC, Maria do Pilar Lacerda,
todos esses conteúdos já são
obrigatórios por lei.
Um exemplo de conhecimento pedido, segundo ela, são
os movimentos literários, relacionados a movimentos artísticos mais amplos. Outra maneira de se abordar a linguagem
"corporal" seria, por exemplo,
fazer perguntas relativas à
competência linguística a partir de um texto sobre futebol.
Em relação à exigência de
história da África, ela lembra
que o conteúdo já é obrigatório
por lei desde 2003. O problema
é que a lei é pouco cumprida e
um plano nacional para sua implantação só foi divulgado anteontem.
(ANGELA PINHO)
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