São Paulo, sábado, 15 de maio de 2010

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Vice-diretor do direito da USP se afasta

Alvo de protestos de alunos e professores, Paulo Casella é acusado por eles de descumprir ordem para remover livros encaixotados

Segundo o diretor da faculdade, seu vice, que nega a acusação, não quis informar os motivos do pedido de afastamento

LETICIA DE CASTRO
DA REPORTAGEM LOCAL

Após protestos de estudantes e professores, o vice-diretor da Faculdade de Direito da USP (Universidade de São Paulo), Paulo Borba Casella, pediu ontem afastamento do cargo pelo período de um mês.
Segundo o diretor da instituição, Antonio Gomes Magalhães, que não quis comentar o fato, ele não informou os motivos da decisão. Até as 23h de ontem, a Folha não conseguiu localizar Casella.
De acordo com alunos, o vice-diretor tentou suspender uma ordem dada pelo diretor da faculdade, na sexta passada, para que os livros dos acervos departamentais encaixotados na biblioteca da rua Senador Feijó voltassem para o prédio antigo, no largo São Francisco.
Em reunião na quinta-feira, a congregação -órgão deliberativo da faculdade- decidiu instaurar uma sindicância para apurar se Casella realmente tentou revogar uma decisão do diretor e o que ocorreu após a ordem de Magalhães para que os livros fossem removidos.
Na ocasião, o vice-diretor negou a acusação. A investigação começa na segunda-feira, data em que os alunos também retomam as atividades, interrompidas desde quarta-feira.
"A gente acha bom [o afastamento], mas não é o suficiente. Vamos seguir com a sindicância", afirmou Guilherme Siqueira, coordenador político-social do Centro Acadêmico XI de Agosto. "Se for constatado que realmente tentou impedir o retorno dos livros, ele pode ser destituído do cargo de vice-diretor", disse o estudante.

Protesto
Nesta semana, a renúncia do vice foi tema de uma manifestação organizada pelos alunos no Pátio das Arcadas e de uma reunião da congregação.
Para Renan Barbosa, aluno do 2º ano e representante dos estudantes, o afastamento de Casella vai facilitar o processo de sindicância. "Mas precisamos ficar atentos para que isso não desvie o foco da investigação. Não podemos protelar essa sindicância", disse.
Apesar do clima de turbulência que vive a tradicional instituição do largo São Francisco, o diretor nega que exista uma crise política. "Afastamentos são comuns", disse Magalhães.
Os problemas se arrastam desde o início do ano, quando os livros das bibliotecas circulante e departamentais foram transferidos para um prédio anexo, por determinação do então diretor da faculdade -e hoje reitor da USP-, João Grandino Rodas.
Desde então, parte do acervo segue encaixotado, e os alunos, impedidos de consultá-lo. Só a biblioteca central continua a funcionar na sede da faculdade.


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