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Vice-diretor do direito da USP se afasta
Alvo de protestos de alunos e professores, Paulo Casella é acusado por eles de descumprir ordem para remover livros encaixotados
Segundo o diretor da faculdade, seu vice, que nega a acusação, não quis informar os motivos do pedido de afastamento
LETICIA DE CASTRO
DA REPORTAGEM LOCAL
Após protestos de estudantes
e professores, o vice-diretor da
Faculdade de Direito da USP
(Universidade de São Paulo),
Paulo Borba Casella, pediu ontem afastamento do cargo pelo
período de um mês.
Segundo o diretor da instituição, Antonio Gomes Magalhães, que não quis comentar o
fato, ele não informou os motivos da decisão. Até as 23h de
ontem, a Folha não conseguiu
localizar Casella.
De acordo com alunos, o vice-diretor tentou suspender
uma ordem dada pelo diretor
da faculdade, na sexta passada,
para que os livros dos acervos
departamentais encaixotados
na biblioteca da rua Senador
Feijó voltassem para o prédio
antigo, no largo São Francisco.
Em reunião na quinta-feira,
a congregação -órgão deliberativo da faculdade- decidiu
instaurar uma sindicância para
apurar se Casella realmente
tentou revogar uma decisão do
diretor e o que ocorreu após a
ordem de Magalhães para que
os livros fossem removidos.
Na ocasião, o vice-diretor negou a acusação. A investigação
começa na segunda-feira, data
em que os alunos também retomam as atividades, interrompidas desde quarta-feira.
"A gente acha bom [o afastamento], mas não é o suficiente.
Vamos seguir com a sindicância", afirmou Guilherme Siqueira, coordenador político-social do Centro Acadêmico XI
de Agosto. "Se for constatado
que realmente tentou impedir
o retorno dos livros, ele pode
ser destituído do cargo de vice-diretor", disse o estudante.
Protesto
Nesta semana, a renúncia do
vice foi tema de uma manifestação organizada pelos alunos
no Pátio das Arcadas e de uma
reunião da congregação.
Para Renan Barbosa, aluno
do 2º ano e representante dos
estudantes, o afastamento de
Casella vai facilitar o processo
de sindicância. "Mas precisamos ficar atentos para que isso
não desvie o foco da investigação. Não podemos protelar essa
sindicância", disse.
Apesar do clima de turbulência que vive a tradicional instituição do largo São Francisco, o
diretor nega que exista uma crise política. "Afastamentos são
comuns", disse Magalhães.
Os problemas se arrastam
desde o início do ano, quando
os livros das bibliotecas circulante e departamentais foram
transferidos para um prédio
anexo, por determinação do
então diretor da faculdade -e
hoje reitor da USP-, João
Grandino Rodas.
Desde então, parte do acervo
segue encaixotado, e os alunos,
impedidos de consultá-lo. Só a
biblioteca central continua a
funcionar na sede da faculdade.
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