São Paulo, sábado, 15 de maio de 2010

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Consórcio admite ser difícil projeto Nova Luz

Desafio é tornar local atrativo, dizem empresas sobre o plano

EVANDRO SPINELLI
DA REPORTAGEM LOCAL

Fazer um projeto atrativo à iniciativa privada. É essa a principal meta das empresas que venceram a licitação para elaborar o plano de revitalização da cracolândia -rebatizada pela prefeitura como Nova Luz-, no centro de São Paulo.
Representantes das quatro empresas que formam o consórcio vencedor da licitação se reuniram ontem pela manhã com o prefeito Gilberto Kassab (DEM) para começar a definir o cronograma de trabalho.
Para Paulo Coelho, diretor-geral da Aecom no Brasil, "o desafio é fazer um projeto que seja atraente para a iniciativa privada e para os grandes "players" da construção civil".
Mauro Viegas Filho, presidente da Concremat, usou praticamente as mesmas palavras: "O desafio é fazer um projeto viável economicamente".
Antônio Carlos Aidar, diretor de controle da FGV (Fundação Getúlio Vargas), afirmou taxativamente que o projeto é viável economicamente e que a equipe vai usar a criatividade para colocá-lo no papel.
E por que será tão difícil viabilizar? Alguns fatores explicam isso: 1) a situação fundiária da região; 2) as áreas reservadas exclusivamente para habitação popular; e 3) a limitação a imóveis de classe média.
Boa parte dos imóveis da região tem impasses judiciais, o que dificulta desapropriações. Esse dado precisa entrar na conta final, como também precisa ser calculado o custo de um terço da região estar reservada para famílias de baixa renda.
Ter famílias pobres na região é até uma parte positiva do projeto, dizem os representantes do consórcio. "Se não contar com o cidadão que já está ali inserido, o projeto fracassa", afirmou Coelho.
Estudos preliminares apontam que o mercado para a região vai permitir a construção de apartamentos com até 70 m2. Ou seja, imóveis de maior valor -acima de R$ 500 mil, por exemplo- vão ficar de fora.
Kassab disse que a ordem de serviço para o início dos trabalhos deve ser dada no dia 17 de junho. A partir daí, o consórcio terá 30 dias para apresentar um projeto preliminar.

Crítica
O arquiteto Lucio Gomes Machado, professor da FAU (Faculdade de Arquitetura e Urbanismo), da USP, diz que as ações recentes da prefeitura, inclusive o processo de revitalização da cracolândia, atendem apenas ao mercado imobiliário.
"A prefeitura vem se omitindo do papel de planejamento físico-territorial da cidade e abrindo frente para o mercado imobiliário", diz Machado.
Para o arquiteto, "São Paulo não tem cara" e a prefeitura não apresenta projetos de planejamento para a cidade.


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