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Consórcio admite ser difícil projeto Nova Luz
Desafio é tornar local atrativo, dizem empresas sobre o plano
EVANDRO SPINELLI
DA REPORTAGEM LOCAL
Fazer um projeto atrativo à
iniciativa privada. É essa a principal meta das empresas que
venceram a licitação para elaborar o plano de revitalização
da cracolândia -rebatizada pela prefeitura como Nova Luz-,
no centro de São Paulo.
Representantes das quatro
empresas que formam o consórcio vencedor da licitação se
reuniram ontem pela manhã
com o prefeito Gilberto Kassab
(DEM) para começar a definir o
cronograma de trabalho.
Para Paulo Coelho, diretor-geral da Aecom no Brasil, "o desafio é fazer um projeto que seja atraente para a iniciativa privada e para os grandes "players"
da construção civil".
Mauro Viegas Filho, presidente da Concremat, usou praticamente as mesmas palavras:
"O desafio é fazer um projeto
viável economicamente".
Antônio Carlos Aidar, diretor
de controle da FGV (Fundação
Getúlio Vargas), afirmou taxativamente que o projeto é viável economicamente e que a
equipe vai usar a criatividade
para colocá-lo no papel.
E por que será tão difícil viabilizar? Alguns fatores explicam isso: 1) a situação fundiária
da região; 2) as áreas reservadas exclusivamente para habitação popular; e 3) a limitação a
imóveis de classe média.
Boa parte dos imóveis da região tem impasses judiciais, o
que dificulta desapropriações.
Esse dado precisa entrar na
conta final, como também precisa ser calculado o custo de um
terço da região estar reservada
para famílias de baixa renda.
Ter famílias pobres na região
é até uma parte positiva do projeto, dizem os representantes
do consórcio. "Se não contar
com o cidadão que já está ali inserido, o projeto fracassa", afirmou Coelho.
Estudos preliminares apontam que o mercado para a região vai permitir a construção
de apartamentos com até 70
m2. Ou seja, imóveis de maior
valor -acima de R$ 500 mil,
por exemplo- vão ficar de fora.
Kassab disse que a ordem de
serviço para o início dos trabalhos deve ser dada no dia 17 de
junho. A partir daí, o consórcio
terá 30 dias para apresentar
um projeto preliminar.
Crítica
O arquiteto Lucio Gomes
Machado, professor da FAU
(Faculdade de Arquitetura e
Urbanismo), da USP, diz que as
ações recentes da prefeitura,
inclusive o processo de revitalização da cracolândia, atendem
apenas ao mercado imobiliário.
"A prefeitura vem se omitindo do papel de planejamento físico-territorial da cidade e
abrindo frente para o mercado
imobiliário", diz Machado.
Para o arquiteto, "São Paulo
não tem cara" e a prefeitura não
apresenta projetos de planejamento para a cidade.
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