UOL


São Paulo, domingo, 15 de junho de 2003

Próximo Texto | Índice

AMBIENTE

Principal área verde de São Paulo teve em 2002 recorde de dias em estado de atenção por excesso do gás poluente

Poluição por ozônio "sufoca" o Ibirapuera

JOSÉ ERNESTO CREDENDIO
LUIZ GUSTAVO ROLLO

DAS REGIONAIS

Dia de sol, trânsito congestionado, o parque Ibirapuera parece perfeito para fugir da poluição e fazer exercício em São Paulo. Mas a idéia esbarra no fato de o parque ter sido o local da cidade com o maior número de alertas pelo excesso de ozônio no ar em 2002. O poluente, invisível, provoca danos ao sistema respiratório.
Área verde com 1,1 milhão de m2 e que recebe 70 mil visitantes diariamente de segunda a sexta-feira e 130 mil aos domingos, o Ibirapuera ficou em estado de atenção (quando danos à saúde são iminentes) em 26 dos 351 dias em que a Cetesb (Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental) colheu amostras em 2002. Foi a maior quantidade de alertas no parque nos últimos cinco anos.
Muitos frequentadores, porém, nem tomaram conhecimento do assunto -a Cetesb não divulga os índices no próprio parque. O estudante André Pizão, 23, que "de vez em quando" se exercita no Ibirapuera, diz que evitaria a atividade física se recebesse esses alertas.
Também foi no Ibirapuera o índice máximo de ozônio registrado em São Paulo, de 326 microgramas/m3. A quantidade máxima para que o ar seja considerado adequado é de 160 microgramas/ m3, conforme o PQAR (Padrão Nacional de Qualidade do Ar).
O poluente é formado por uma reação química -estimulada pela luz solar- que envolve resíduos da queima de combustíveis.
As altas concentrações no parque se devem, provavelmente, ao fato de haver uma grande área exposta ao sol -sem sombras de edifícios- e proximidade de grandes avenidas, por onde passam milhares de carros.
Não é possível saber se esse quadro se repete em outras áreas verdes -o Ibirapuera é o único parque onde há uma estação medidora de ozônio da Cetesb.
Nas outras regiões monitoradas da cidade, apenas Pinheiros (zona oeste) teve aumento significativo de dias em estado de alerta -foram sete em 2002, contra apenas um no ano anterior (veja quadro na pág. C4).
O ozônio -que na camada superior da atmosfera protege a Terra da radiação solar- é de difícil controle e está associado ao agravamento de doenças respiratórias, como asma e bronquite. Segundo pesquisadores ouvidos pela Folha, pode ainda provocar mutações genéticas e até câncer.
""A poluição por ozônio se mantém e não mostra nenhuma tendência de queda", diz o químico Jesuíno Romano, gerente do Departamento de Tecnologia do Ar da Cetesb.
Segundo Romano, não há um plano de controle do poluente. ""Estamos fazendo uma série de levantamentos das fontes para um programa a longo prazo, de 15 a 20 anos."

Próximo Texto: Danuza Leão: Na crista da onda
Índice


UOL
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.