São Paulo, terça-feira, 15 de junho de 2004

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PROSTITUIÇÃO INFANTIL

A deputados estaduais, adolescente que havia acusado Omar Aziz diz que programa não foi com ele

Menina isenta vice do AM de abuso sexual

KÁTIA BRASIL
DA AGÊNCIA FOLHA

A adolescente que havia acusado, em depoimento na Delegacia do Menor, em janeiro de 2003, o vice-governador Omar Aziz (PFL-AM) de ter feito um programa sexual negou, na quarta-feira passada, durante depoimento a uma CPI da Assembléia Legislativa do Amazonas, o envolvimento dele no caso.
A CPI do Amazonas foi aberta no dia 3, a pedido de Aziz, para investigar sua suposta participação na exploração sexual de crianças e adolescentes. No depoimento, a menina disse que o homem que pagou pelo programa era mais baixo do que Aziz e não o reconheceu nas fotografias apresentadas pelos deputados. "Ele tinha 1,65 m, era forte e narigudo, mas diferente desse [da foto]", disse.
O suposto envolvimento de Aziz no caso veio à tona quando ele foi acusado pela delegada Graça Silva, da Delegacia do Menor, de pressioná-la a não apresentar à CPI da Exploração Sexual do Congresso o inquérito no qual era citado pela adolescente. A CPI levou o caso ao Ministério Público Federal e denunciou o vice-governador por obstrução dos trabalhamos da comissão, que esteve em Manaus no dia 26 de maio.
No inquérito, a menina relatou, em depoimento prestado em 19 de janeiro de 2003, em companhia da mãe, que com 15 anos foi disputada por duas aliciadoras, chegando a ficar em cárcere privado, para fazer programas com políticos e empresários.
No suposto programa realizado com Aziz, teria recebido R$ 150. As aliciadores foram indiciadas por favorecimento à prostituição. Uma delas será ouvida hoje na CPI do Amazonas.
Ontem, em entrevista por telefone, a mãe da adolescente disse que foi uma das aliciadores que colocou o nome de Aziz no caso. "A aliciadora levou [a garota] como se fosse para o vice, só que ela viu que era uma pessoa totalmente diferente. Agora só falamos em juízo", disse a mãe da menina, que prestou depoimento à CPI do Congresso, ocasião em disse que havia enviado a filha para o Rio Grande do Sul para protegê-la.
No dia 31 de maio, a CPI do Congresso ouviu, em sigilo, a adolescente no Ministério Público Federal do Rio Grande do Sul. O depoimento é mantido em sigilo.
"Temos muito respeito por essa mãe e por essa menina, não é porque elas mudaram nesse momento o depoimento que diminui a nossa consideração por elas. Não temos o alcance sobre que poder de pressão agiu sobre elas", disse a relatora da CPI, deputado Maria do Rosário (PT-RS).
A delegada Graça Silva disse que prefere acreditar no primeiro depoimento da garota. "Ela estava na presença da mãe e, naquele momento, não tinha pressão."
Até o fechamento desta edição, a assessoria de Omar Aziz não havia se pronunciado sobre o caso. Em entrevistas anteriores, o vice-governador negou envolvimento com prostituição infantil.


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