São Paulo, segunda-feira, 15 de julho de 2002

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ADMINISTRAÇÃO

Para prefeita, setor de transportes quer manter "mamata'; Transurb afirma que donos de ônibus só querem trabalhar

Empresário é "criança chorona", diz Marta


GILMAR PENTEADO
DA REPORTAGEM LOCAL

"Crianças choronas" que não querem perder a "mamata". A prefeita de São Paulo, Marta Suplicy (PT), definiu assim os empresários de transporte público da cidade em mais round do conflito deflagrado com o setor.
Marta transformou sua participação nos debates do orçamento participativo em São Miguel Paulista (zona leste), anteontem, em um ato em defesa do secretário dos Transportes, Carlos Zarattini.
"Se eles [empresários de ônibus" se aproveitassem das novas tecnologias, de empréstimos do Bndes, eles poderiam refazer as suas frotas, ganhar dinheiro com as novas rotas em vez de se portarem como crianças choronas", disse a prefeita.
Segundo ela, os empresários estão unidos com o sindicato dos trabalhadores para impedir a realização da licitação que permitirá que empresas de fora da cidade operem em São Paulo. "Eles querem que seja mantida a mesma mamata do governo anterior. Vai ter enfrentamento quantas vezes for necessário", disse a prefeita.
A queda de braço entre a prefeitura e o setor provocou dois confrontos nos últimos dias. No dia 5, motoristas e cobradores participaram de um quebra-quebra no auditório Elis Regina, no Palácio das Convenções do Anhembi, na audiência pública sobre a nova licitação. Na sexta-feira, a sede da SPTrans (empresa que administra o transporte) foi apedrejada.
Zarattini passou a ser o principal alvo das críticas de empresários, do sindicato dos motoristas, de vereadores de oposição e da própria base aliada de Marta na Câmara Municipal. Muitos pregam a substituição do secretário.
Apesar da reunião do orçamento participativo tratar somente das áreas de habitação, saúde e educação, Zarattini fez questão de usar o microfone para defender a nova licitação no setor. "É a meta de mexer no governo para obter cargos, talvez. Ou para prestar satisfações a empresários insatisfeitos com o modelo que a prefeitura quer implantar", disse, em resposta aos que querem sua saída.
O Transurb (sindicato das empresas de transporte coletivo) evitou a polêmica e informou apenas que os "os empresários não querem mamata, querem trabalhar, desde que não tenham de enfrentar a concorrência ruinosa dos clandestinos".
O secretário jurídico do Sindicato dos Motoristas, Geraldo Diniz, afirmou que a prefeitura quer jogar "os trabalhadores contra a entidade" e que o sindicato deve entrar com uma ação contra Marta e Zarattini. O vereador Gilberto Natalini (PSDB) disse que também vai à Justiça contra Zarattini para que ele prove a acusação de que também teria ajudado no planejamento dos dois últimos conflitos contra a prefeitura.


Colaborou RENATO ESSENFELDER, da Reportagem Local


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