|
Próximo Texto | Índice
GUERRA URBANA
Após ataque do PCC, governo federal libera R$ 100 mi para SP
Depois de se encontrar com Thomaz Bastos, governador paulista recusou ajuda do Exército e da Força Nacional de Segurança
JOSÉ ERNESTO CREDENDIO
LUÍSA BRITO
DA REPORTAGEM LOCAL
Após uma reunião de cerca
de 20 minutos com o governador Cláudio Lembo (PFL), o
ministro da Justiça, Márcio
Thomaz Bastos, anunciou ontem o repasse de R$ 100 milhões para o Estado São Paulo.
Metade da verba deverá ser
utilizada na recuperação das
prisões destruídas pelo PCC
durante a primeira onda de ataques da facção criminosa, em
maio -segundo o Estado, as reformas custarão R$ 75 milhões
Outros R$ 50 milhões serão
destinados para o serviço de informações nos presídios, de
modo a tentar reduzir a capacidade de organização do PCC.
Na última terça-feira, a facção iniciou uma nova onda de
ataques, que já matou pelo menos oito pessoas e conseguiu
interromper o serviço de transporte por ônibus da capital do
Estado após uma série de ataques incendiários a ônibus.
Na reunião, Lembo voltou a
recusar a oferta do envio das
Forças Armadas e da Força Nacional de Segurança para combater o PCC. ""Nossa oferta está
de pé. Fizemos ontem [anteontem] uma reunião de contingência com as três Forças para
discutir isso. Agora depende do
governador", disse o ministro.
Thomaz Bastos foi ao encontro, no Palácio dos Bandeirantes, acompanhado do general
Luiz Edmundo de Carvalho,
comandante militar do Sudeste. Lembo reiterou que descarta a oferta, mas deixou aberta a
possibilidade de pedir a presença dos soldados no futuro.
""A integração poderá haver,
quando necessário, porém não
é o momento", declarou.
Sobre a Força Nacional de
Segurança (formada por policiais de vários Estados), Lembo
disse que serviria apenas para
escolta de presos federais.
Na reunião, foram acertadas
outras medidas, como o aumento de até 10% do contingente da Polícia Federal, de
1.200 homens, no Estado,
maior acesso da polícia paulista
a informações sobre o crime organizado do Sistema Brasileiro
de Inteligência.
Após a audiência entre o ministro e o governador, houve
uma reunião técnica entre os
secretários da Segurança e Pública da Administração Penitenciária com representantes
da União para tratar dos detalhes. A conversa durou quase
duas horas.
Os secretários de Lembo e a
equipe de Thomaz Bastos ainda
discutiram maior ação dos órgãos de combate à lavagem de
dinheiro no Estado. O objetivo
é reduzir a capacidade financeira das quadrilhas e, em conseqüência, tentar imobilizar o
PCC e suas fontes de dinheiro.
Tanto Lembo como o ministro se recusaram a dizer se as
medidas serão suficientes para
debelar a onda de violência.
Guerra de números
Apesar de o presidente Luiz
Inácio Lula da Silva ter assinado ontem a Medida Provisória
prevendo a verba, uma hora
após a reunião a assessoria de
Lembo divulgava que não há
previsão da sua chegada.
Procurada, a assessoria do
ministro afirmou que o dinheiro estará disponível segunda-feira, ""se houver projetos".
Embora o encontro tenha
ocorrido de forma amigável
-tanto Lembo quanto Thomaz
Bastos evitaram comentar a
polêmica entre o governador e
Lula em razão da crise de segurança-, a assessoria do pefelista também divulgou à noite que
a União mantém outras pendências com o Estado.
Após Lembo dizer que a situação estava controlada no
Estado, Lula declarou que a situação no Estado é de ""pânico",
fora do ""normal". Indagado ontem, Lembo afirmou: "Essa palavra [controle] eu não uso
nunca mais".
Thomaz Bastos ainda entregou a Lembo uma pauta de propostas que inclui a realização
de bloqueios nas rodovias federais do Estado, como as vias
Dutra, Régis Bittencourt e Fernão Dias. Pelo plano, em 72 horas a Polícia Rodoviária Federal
poderia triplicar seu efetivo em
São Paulo.
A transferência de presos de
alta periculosidade para a penitenciária federal de Catanduvas (PR), outro tema da reunião, continua indefinida, segundo Lembo.
Embora as transferências estivessem sendo discutidas,
Lembo, agora, nem garante que
elas realmente irão ocorrer.
""Vamos utilizar [as vagas
ofertadas pelo governo federal], se necessário. Mas não há
decisão de transferência."
Próximo Texto: Investimentos são inferiores a verbas em 2001 Índice
|