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Falta de estrutura prejudica alunos em novas federais
Universidades recém-inauguradas no projeto de expansão do governo não têm equipamentos nem prédio próprio
Estudantes dependem de instrumentos alugados e chegam a comprar até
vidros de maionese vazios para fazer experimentos
DO ENVIADO ESPECIAL A SANTOS
DA REDAÇÃO
O estudante de educação física Eric Blasques Dassouki, 18,
da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) de Santos,
teve apenas três aulas práticas
no primeiro semestre deste
ano. A grade curricular previa
uma por semana. No segundo
semestre, porém, ele não tem
certeza se terá uma aula sequer.
A incerteza de Dassouki
ocorre porque o campus santista, criado em fevereiro de 2006,
ainda não possui prédio próprio. A universidade funciona
em dois prédios alugados. A
piscina e a quadra, indispensáveis para o curso, são emprestadas por clubes, mas nem sempre. "Já chegamos a entrar na
quadra para ter aula de basquete, mas fomos tirados de lá porque haveria um campeonato de
handebol feminino. A piscina
ficou um tempão interditada
porque havia quebrado uma
bomba", disse ele.
A primeira etapa do campus
de Santos, em obras, deve ser
concluída no início de 2008.
Nessa etapa não está prevista,
porém, a construção de quadra
nem piscina -inclusa na segunda etapa. Quando ficará
pronta? "Não tem data. Temos
que acabar o outro [prédio] primeiro", afirmou o reitor Ulysses Fagundes Neto.
Os prédios em Santos ficam
distantes cerca de cinco quilômetros um do outro. Num deles ficam os computadores,
noutro a biblioteca. Nenhum
deles têm um laboratório experimental que os alunos de psicologia precisam. "As aulas práticas foram transferidas para o
segundo semestre por falta do
laboratório", disse a estudante
Maria Luiza Gonçalves, 21.
No ano passado, segundo a
estudante, as aulas sobre o sistema respiratório não foram
ministradas por falta de peças,
não havia pulmão para estudo,
e uma das poucas aulas de anatomia que sua turma teve foram realizadas no campus de
São Paulo, a 85 quilômetros.
Distância é algo que a aluna
ciência e tecnologia Fernanda
Toscano, 21, da UFABC (Universidade Federal do ABC), diz
conhecer bem para assistir aulas. Assim como em Santos, as
aulas são ministradas em duas
unidades distantes porque os
1.500 alunos não cabem num
campus só. "Quando não consigo carona, eu venho a pé. Dá
uma hora e 20 minutos."
O prédio da universidade deve ficar pronto em outubro.
O estudante de ciência da
computação da Unifesp de São
José dos Campos Victor Coelho, 19, também se diz infeliz
com seu curso. "A situação está
desanimadora. Tem muita gente pensando em desistir do curso. Eu mesmo sou um deles."
Coelho explica seus motivos.
Para a turma de 50 alunos, a
universidade conseguiu 25 máquinas emprestadas pela prefeitura, mesmo assim inadequadas para o curso. As aulas
são assistidas em duplas. Durante as provas, metade da turma faz, a outra espera.
"Também não tem biblioteca, não tem lanchonete, não
tem nada. A universidade está
jogando o nome dela no lixo."
Os alunos devem receber
computadores no segundo semestre, segundo a reitoria, mas
o curso pode ser fechado na cidade por falta de terreno para
construir seu campus.
O aluno de farmácia João
Carlos Menezes, 22, da federal
da Bahia em Vitória da Conquista, disse ter levado um susto no início do ano letivo, em
outubro do ano passado. "Só tinha cadeira, professor e quadro", afirmou ele.
Menezes diz que o material
para os experimentos, como
batata e iodo, são adquiridos
pelo próprios alunos, até os vidros de maionese vazios.
(ROGÉRIO PAGNAN E ALESSANDRA BALLES)
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