São Paulo, terça-feira, 15 de julho de 2008

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Mooca agora amplia rigor contra camelôs

Após prisão de acusados de extorsão a camelôs, prefeitura mobiliza 77 pessoas em operação, mas recolhe só 1 saco de mercadorias

Em passeata, ambulantes apoiaram as prisões, exigiram o afastamento do subprefeito e pediram uma CPI para investigar o caso


EVANDRO SPINELLI
KLEBER TOMAZ
DA REPORTAGEM LOCAL

A prefeitura reforçou ontem a fiscalização do comércio ambulante na região da Subprefeitura da Mooca, onde 11 pessoas foram presas na sexta-feira sob a acusação de extorquir dinheiro de camelôs, donos de bares e de empreendimentos imobiliários em troca de não fiscalizar irregularidades.
A ação mobilizou 43 guardas-civis metropolitanos, 32 agentes de apoio e dois fiscais enviados pela Secretaria das Subprefeituras. Ao final, toda a mercadoria apreendida coube em um saco de cem litros.
A operação de ontem, de acordo com o subprefeito Eduardo Odloak, foi uma resposta à operação da Polícia Civil, que prendeu cinco funcionários da Subprefeitura da Mooca, um advogado e cinco camelôs apontados como os responsáveis pelo recolhimento da propina. "Estamos buscando intensificar a fiscalização até para que as pessoas não pensem que elas podem invadir áreas públicas impunemente."
De acordo com ele, o prefeito Gilberto Kassab (DEM) deve baixar um decreto expandindo a área de atuação da GCM na fiscalização do comércio ambulante para a região da Subprefeitura da Mooca, que abrange também o Brás e o Tatuapé. Hoje, os guardas podem atuar contra camelôs apenas na área da Subprefeitura da Sé.
Odloak prestou depoimento ontem na 5ª Delegacia Seccional. O subprefeito afirmou que decidiu ir espontaneamente à delegacia para pedir à polícia que encaminhe a documentação para subsidiar os procedimentos de demissão dos servidores envolvidos.
No "Diário Oficial" da Cidade de sábado foram publicadas as exonerações dos irmãos Georges Marcelo Eivazian, que atuava como assessor político de Odloak, e Felipe Eivazian, chefe dos fiscais da Subprefeitura da Mooca, ambos presos.
Eivazian é do DEM, partido de Kassab, e chegou a ser candidato a vereador em 2004 e a deputado estadual em 2006 pelo mesmo partido (na época, denominado PFL).
Outros três agentes de apoio da subprefeitura, também presos, foram afastados de suas funções, mas só podem ser exonerados após uma sindicância. Como funcionários de carreira, eles têm estabilidade.
O delegado Luís Storni, responsável pelas investigações, vai pedir hoje a prisão preventiva dos 11 detidos na sexta-feira. A prisão temporária decretada pela Justiça vence hoje.

Protesto
Camelôs, guardas-civis e PMs entraram em confronto ontem, na região central, durante uma passeata de ambulantes. Um GCM usou gás pimenta e houve troca de empurrões. O protesto contou com cerca de 150 camelôs, segundo a PM -o sindicato falou em pelo menos 350 pessoas.
Os ambulantes apoiaram a prisão dos 11 acusados, criticaram o reforço da fiscalização no Brás, exigiram o afastamento do subprefeito e pediram uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) para o caso.


Colaborou o "Agora"


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