São Paulo, quarta-feira, 15 de julho de 2009

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Prefeitura multa e retira obras com propaganda subliminar

Kassab diz que publicidade da empresa foi "lamentável" e de "aparente má-fé"

VINÍCIUS QUEIROZ GALVÃO
EVANDRO SPINELLI
DA REPORTAGEM LOCAL

O prefeito Gilberto Kassab (DEM) mandou ontem fiscais das subprefeituras da Sé e de Pinheiros retirarem obras de arte que faziam propaganda subliminar da Natura e determinou a aplicação de multas por violação à Lei Cidade Limpa, que baniu a publicidade de rua em São Paulo.
Conforme a Folha revelou ontem, as supostas instalações faziam propaganda casada com comerciais de TV -retiradas ontem do ar pela empresa que fabrica cosméticos.
Nas ruas, foram expostas as palavras "descanse", "relaxe" e "calma" em letreiros de três metros de altura e 70 kg, iluminados à noite.
Na TV, o mesmo tema era mostrado em painéis de néon montados em edifícios.
As subprefeituras de Pinheiros e da Sé multaram ontem em R$ 11 mil e R$ 10 mil, respectivamente, as obras que estavam na conjunção das avenidas Heitor Penteado e Doutor Arnaldo (zona oeste) e da praça da Sé (região central).
A da avenida Europa foi retirado pela Natura antes da chegada dos fiscais, que, sem provas, não puderam multar.
As multas foram aplicadas ao grupo de arte Bijari, autor das obras, que, procurado pela reportagem, não respondeu.
Para Kassab, a propaganda da Natura era um "estelionato" para burlar a Lei Cidade Limpa. O prefeito disse ainda que "é lamentável que a empresa tenha se prestado a algo de um nível tão baixo".
"Minha impressão é que se trata de um estelionato de uma empresa que me parece séria, a Natura, e burlou a Lei Cidade Limpa. É lamentável que uma empresa que parece séria tenha se prestado a algo de um nível tão baixo", disse Kassab.

Deselegância
A Natura respondeu e afirmou achar "deselegante" a posição do prefeito e que preferia "não bater boca" com ele.
Kassab disse ainda que determinaria à corregedoria do município que apurasse se houve falha na concessão da autorização para a instalação das frases nas ruas da cidade.
A CPPU (Comissão de Proteção da Paisagem Urbana) havia autorizado as instalações em março deste ano, sob a justificativa de que se tratava de uma exposição de poesia concreta sem finalidade comercial.
A prefeitura disse ter sido "surpreendida" com uma ação de propaganda na televisão, que usava as mesmas palavras.
"A CPPU foi induzida a erro pelos autores, com aparente má-fé", disse Kassab.
"Para o Cidade Limpa fica a lição", disse anteontem Regina Monteiro, diretora da Emurb (Empresa Municipal de Urbanização) e criadora da lei.


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