São Paulo, sexta-feira, 15 de julho de 2011

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Mosteiro da Luz perderá 56 árvores infestadas de cupim

Insetos ameaçam estruturas de madeira da edificação colonial, que é tombada

Maior parte das árvores condenadas são de espécies exóticas; no lugar serão plantados exemplares nativos


VANESSA CORREA
DE SÃO PAULO

Para evitar que suas estruturas sejam consumidas pelos cupins, o Mosteiro da Luz, na região central, vai perder 56 árvores de seu bosque.
Infestadas pelos insetos, elas ameaçam a edificação construída em 1774 pelo primeiro santo brasileiro, frei Galvão, para servir de morada às irmãs concepcionistas, que estão no local até hoje.
Feito em taipa de pilão, o mosteiro, onde está também o Museu de Arte Sacra, tem estruturas de madeira, suscetíveis aos cupins.
Hoje, já existe um trabalho "fortíssimo" de combate desses insetos ali, diz a coordenadora da unidade de museus do Estado de São Paulo, Claudineli Ramos.
Outra ameaça é a de queda de árvores sobre edificações e pessoas que visitam o lugar em romaria, atraídas pela história de frei Galvão ou pelo acervo de arte sacra.
Recentemente, uma árvore desabou sobre o muro dos fundos do mosteiro e amassou alguns carros. Fazia parte de um bosque de eucaliptos, que está na área das irmãs, do qual 34 exemplares serão removidos.
Um dos mais emblemáticos conjuntos do período colonial na cidade, o mosteiro é protegido por tombamentos que impedem que seja destruído ou descaracterizado.
Também estão protegidos pelo tombamento o bosque, com cerca de 500 árvores, além do pomar e da horta, que há séculos fornecem frutas, legumes e verduras para as irmãs que vivem ali.
Com base em parecer de um especialista em botânica, os órgãos do patrimônio histórico municipal, estadual e federal já autorizaram a remoção das 56 árvores, além da poda de mais de 200.
A maior parte das árvores condenadas são de espécies exóticas. No lugar serão plantados exemplares nativos da cidade, como cambucis e pitangueiras, adaptados às condições ambientais.
Segundo o professor da USP Gregório Ceccantini, que fez a avaliação do bosque, "há árvores de grande porte altamente comprometidas, com cupins, apodrecimentos, toca de ratos. É só uma questão de haver uma tempestade mais forte [para elas caírem]".
"Frei Galvão continua dando proteção, mas estamos preocupadíssimos", diz Mariângela Marino, diretora executiva do museu.
A madre Maria Aparecida de São José, abadessa do mosteiro, afirma que chegou a pedir a remoção à prefeitura, que foi negada por se tratar de uma área particular.
Ela diz não saber se o mosteiro poderá arcar com os custos de remoção, mais de R$ 1.000 por árvore.


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