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BARBARA GANCIA
Abaixo o fundamentalismo gay!
E a galinha, tadinha, ninguém vai tomar as dores da
galinha? Até agora, não vi uma só
entidade de defesa dos animais
interceder em favor da maior vítima no incidente ocorrido nesta
semana na Faculdade de Direito
da USP, em que um estudante
atirou uma galinha preta sobre a
nossa prefeita.
Ponha-se no lugar da ave, nobre leitor. Quando ela não é sacrificada em alguma encruzilhada,
acaba virando "megahair" de
madame. E, o que é pior, ainda é
obrigada a passar pela humilhação de ser confundida com um tucano. Calúnia! Desde quando galinha preta gosta de sentar em cima de muro? Desde quando galinha preta torra as reservas de um
país só para manter uma delirante paridade entre dólar e real?
No fim das contas, sobrou para
o ministro Thomaz Bastos, que
fez inocente comentário sobre galinhas e veados e acabou atraindo
a ira da Associação da Parada do
Orgulho GLBT, que classificou o
comentário do ministro de "preconceituoso, machista e antiquado". Ué? Mas os próprios gays não
se referem uns aos outros usando
esse tipo de epíteto?
Quer saber? Está passando da
hora de a militância gay começar
a pensar em atrair uma ala mais
moderada. Existe uma multidão
de homossexuais que não se sente
representada pelas pencas de rapazes seminus, simulando cenas
de sexo, que desfilam em cima dos
carros nas paradas gays.
Por acaso alguém pára para
discutir o que heterossexuais fazem entre quatro paredes? E na
hora de se divorciar, será que os
heterossexuais fazem questão de
queimar em praça pública a certidão de batismo com o escopo de
mostrar que estão em desacordo
com a igreja?
Em vez de continuar a bater exclusivamente na tecla da sexualidade, que traz a reboque apenas o
oco hedonismo, que tal se os militantes da causa gay começassem
a falar mais a respeito de afeto e
de companheirismo?
Pode escrever: enquanto a militância gay não perceber que não
fala em nome de todos os homossexuais quando tenta empurrar
um certo estilo de vida goela abaixo da humanidade, nenhum gay
que tenha algo a perder vai querer sair do armário. Para quê? Para ser confundido com os go-go
boys das paradas gays?
Se o mundo hoje aceita um Arnold Schwarzenegger como republicano linha-dura que fumou e
tragou maconha e é pró-aborto,
pró-controle de armas e pró-regularização do status dos imigrantes ilegais, os gays também podem
começar a flexibilizar o discurso.
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