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São Paulo, sexta-feira, 15 de agosto de 2003

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SAÚDE

Segundo OMS, doença afeta 500 mil pessoas por ano

Equipe da UFRJ cria a 1ª vacina canina para leishmaniose visceral

THIAGO GUIMARÃES
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELO HORIZONTE

Equipe coordenada pela bióloga Clarisa Palatnik, da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), desenvolveu a primeira vacina canina do mundo contra a leishmaniose visceral, que será distribuída comercialmente a partir de 2004.
A leishmaniose visceral é uma doença grave, causada pelo Leishmania chagasi e transmitida por um inseto chupador de sangue, o flebótomo. O mosquito é infectado quando pica um cão hospedeiro do protozoário.
Segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde), a doença afeta 500 mil pessoas por ano no mundo. Atinge principalmente o baço e o fígado e pode ser fatal se a pessoa não receber tratamento.
A vacina -resultado de 20 anos de pesquisa e testes com mais de 500 cães- foi aprovada em junho pelo Ministério da Agricultura. Com o nome de Leishmune, será produzida e comercializada pela Fort Dogde Saúde Animal, divisão do grupo farmacêutico americano Wyeth, que possui os direitos legais e já investiu US$ 700 mil.
O custo da dose ainda não foi definido. A vacinação -em cães com mais de quatro meses- será feita em três doses, com intervalo de 21 dias e reforço anual.
Segundo a gerente de serviços técnicos da Fort Dogde, Ingrid Menz, cerca de 400 mil cães no país poderão ser imunizados, em uma população de 27 milhões.

Nacional
O desenvolvimento de uma vacina 100% nacional contra a leishmaniose visceral não foi fácil, afirma a bióloga Clarisa Palatnik, 47, argentina radicada no Brasil há mais de 20 anos. "Tivemos que aprender batendo a cabeça."
Testes em cães e camundongos apresentaram 95% de eficácia. Segundo Palatnik, estudos realizados -e que serão confirmados em pesquisas posteriores- verificaram que a vacina tem o poder de bloquear a infecção também no mosquito transmissor.
A vacina também tem apresentado resultados positivos para outras variações do protozoário, como a encontrada na Índia, que, ao lado de Bangladesh, Sudão e Brasil, reúne mais de 90% dos casos.
Para o infectologista Valdir Amato, da USP (Universidade de São Paulo), o impacto da vacina só poderá ser efetivamente avaliado nos próximos anos.


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