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SAÚDE
Segundo OMS, doença afeta 500 mil pessoas por ano
Equipe da UFRJ cria a 1ª vacina canina para leishmaniose visceral
THIAGO GUIMARÃES
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELO HORIZONTE
Equipe coordenada pela bióloga
Clarisa Palatnik, da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), desenvolveu a primeira vacina canina do mundo contra a
leishmaniose visceral, que será
distribuída comercialmente a
partir de 2004.
A leishmaniose visceral é uma
doença grave, causada pelo Leishmania chagasi e transmitida por
um inseto chupador de sangue, o
flebótomo. O mosquito é infectado quando pica um cão hospedeiro do protozoário.
Segundo a OMS (Organização
Mundial da Saúde), a doença afeta 500 mil pessoas por ano no
mundo. Atinge principalmente o
baço e o fígado e pode ser fatal se a
pessoa não receber tratamento.
A vacina -resultado de 20 anos
de pesquisa e testes com mais de
500 cães- foi aprovada em junho
pelo Ministério da Agricultura.
Com o nome de Leishmune, será
produzida e comercializada pela
Fort Dogde Saúde Animal, divisão do grupo farmacêutico americano Wyeth, que possui os direitos legais e já investiu US$ 700 mil.
O custo da dose ainda não foi
definido. A vacinação -em cães
com mais de quatro meses- será
feita em três doses, com intervalo
de 21 dias e reforço anual.
Segundo a gerente de serviços
técnicos da Fort Dogde, Ingrid
Menz, cerca de 400 mil cães no
país poderão ser imunizados, em
uma população de 27 milhões.
Nacional
O desenvolvimento de uma vacina 100% nacional contra a leishmaniose visceral não foi fácil, afirma a bióloga Clarisa Palatnik, 47,
argentina radicada no Brasil há
mais de 20 anos. "Tivemos que
aprender batendo a cabeça."
Testes em cães e camundongos
apresentaram 95% de eficácia. Segundo Palatnik, estudos realizados -e que serão confirmados
em pesquisas posteriores- verificaram que a vacina tem o poder
de bloquear a infecção também
no mosquito transmissor.
A vacina também tem apresentado resultados positivos para outras variações do protozoário, como a encontrada na Índia, que, ao
lado de Bangladesh, Sudão e Brasil, reúne mais de 90% dos casos.
Para o infectologista Valdir
Amato, da USP (Universidade de
São Paulo), o impacto da vacina
só poderá ser efetivamente avaliado nos próximos anos.
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