São Paulo, domingo, 15 de agosto de 2004

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LIVRO

Obesidade exige "ataque" em vários frontes, explica cirurgião

DA REPORTAGEM LOCAL

O futuro do tratamento da obesidade está na engenharia genética. Mas enquanto abordagens baseadas nessas tecnologias não chegam, o jeito é atacar em outro fronte. Vários frontes, como explica o cirurgião de obesidade Ricardo Cohen, 42, no livro "A Obesidade", que está pronto para ser lançado pela Publifolha.
"A causa é multifatorial", diz Cohen. Por isso o tratamento da obesidade vai do acompanhamento psicológico à análise de causas genéticas, passando por checagens do metabolismo, de comportamentos em relação à comida e padrões de atividade físicas, entre outros.
Não há resposta simples para a obesidade. Por isso, não dá para acreditar em tratamentos simples, dizem Cohen e a doutora em endocrinologia Maria Rosária Cunha, também autora do livro.
O médico, no entanto, alerta que o fator genético pode ser um grande limitador. "Esses terão de tratar as conseqüências do problema", afirma. Pesquisas apontam que 40% dos casos de excesso de peso têm algum componente genético que os explicam.
Inspirados por pacientes que chegam aos seus consultórios acreditando que a obesidade é apenas um problema estético, os médicos decidiram tornar o assunto "palatável", como diz o autor. Começam o livro diagnosticando a obesidade como doença.
"Todo obeso acha que é um problema de beleza", diz Cohen.
Na verdade, é a doença do milênio, como definiu a OMS (Organização Mundial da Saúde) neste ano. É a primeira causa de morte evitável do mundo, superou acidentes de trânsito e o tabagismo.
Cohen relata os bastidores. Foram as seguradoras de saúde que, com seus cálculos, mostraram a relação da gordura com doenças, como o diabetes, e mortes.
O referencial mais aceito para definir se alguém é obeso, o IMC (Índice de Massa Corpórea), divisão do peso pela altura ao quadrado, foi inspirado por cálculos das seguradoras. Índice acima de 30 significa obesidade. Mais de 39, obesidade mórbida.

Mitos
Diagnosticada como doença, a obesidade ainda é cercada por mitos, como o de que todo obeso tem necessariamente algum comprometimento psicológico, diz Cohen. "Mas será que uma pessoa é obesa por ser ansiosa ou ansiosa por ser obesa? O tratamento faz cair a ansiedade. Taxar como problema psicológico e até psiquiátrico pode ser só preconceito."
Outra dúvida comum que o livro ajuda a clarear trata dos medicamentos. Como afirma Cohen, há muito marketing, mas o que se sabe é que a maioria funciona por um ano. Drogas de última geração, como o orlistat, que impede a absorção de gorduras, acabaram sendo mal administradas, relata: em 99, um estudo mostrou que após o primeiro ano de uso, cerca de 35% dos pacientes o empregavam como um laxante, isto é, abandonaram a reeducação alimentar que o remédio impõe.
Os autores também aproveitam o livro para dar uma estocada na dieta de Atkins, aquela que restringe carboidratos, mas não as gorduras -o que, para os médicos, traz mais riscos à saúde. "Eles têm um shopping em Nova York", afirma Cohen. Para ele, não é preciso dizer mais nada.


A OBESIDADE. Autores: Ricardo Cohen e Maria Rosária Cunha. Editora: Publifolha. Quanto: R$ 9,90 (86 págs.)

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