São Paulo, terça-feira, 15 de agosto de 2006

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Turista português é morto em Copacabana

André Bordalo, 19, levou uma facada na barriga depois de reagir a um assalto enquanto tomava sol na areia da praia

Criminoso, depois de ser preso por policiais militares que o perseguiram logo após a agressão, negou a autoria do assassinato


MARIO HUGO MONKEN
DA SUCURSAL DO RIO

O estudante português André Costa Ramos Bordalo, 19, que passava férias no Rio, foi morto na manhã de ontem com um golpe de faca ao tentar reagir a um assalto na areia da praia de Copacabana, na zona sul da cidade.
O crime ocorreu por volta das 8h20. Bordalo estava deitado na areia tomando sol quando um assaltante tentou roubar sua mochila. O jovem se assustou e tentou retirar a faca da mão do criminoso. Levou uma facada no lado esquerdo da barriga e morreu na hora.
O assaltante, identificado como Claudecir Bezerra da Silva, 23, tentou fugir. Pessoas próximas gritavam "pega ladrão, pega ladrão". Ele foi perseguido por policiais militares e preso na esquina da rua Constante Ramos com a av. Nossa Senhora de Copacabana. Antes de ser pego, ameaçou um policial com a faca. "Eu já furei um e posso matar outro", disse o ladrão, que estava sob o efeito de drogas, segundo a polícia.
Na hora do crime, os pais do estudante também estavam na praia. A mãe estava na água, e o pai fazia uma caminhada.

Viagem pelo Brasil
Bordalo e os pais, que moram em Lisboa, haviam chegado ao Rio de Janeiro na última sexta-feira e estavam hospedados em um hotel em frente ao local onde ocorreu o crime. Já haviam visitado alguns Estados do Nordeste e pretendiam ainda ir a Fernando de Noronha e ao Pantanal. Diziam ser apaixonados pelo Rio .
Muito abalados, os pais Sérgio Ramos e Paula Bordalo não quiseram falar com os jornalistas e não foram até o Instituto Médico Legal reconhecer o corpo. Dois amigos do casal se encarregaram das providências.
Segundo o IML, a facada perfurou o pulmão esquerdo do jovem, que era estudante de engenharia. Seu corpo só foi removido do local três horas depois do crime.
Na Deat (Delegacia de Atendimento ao Turista), o ladrão, apesar de ter ameaçado um policial com a mesma faca que matou o turista português, negou a autoria do crime. Disse que atiraram a faca nele e que trabalha numa lanchonete no bairro do Flamengo e mora no morro da Babilônia, ambos na zona sul.
De acordo com a Deat, ele não tem antecedentes criminais. No entanto, a polícia suspeita que ele já tenha praticado outros roubos contra turistas.
Na sua carteira, foram encontrados, segundo a polícia, cerca de 2.000 bolívares (moeda da Venezuela). Na mochila levada do jovem português, havia uma máquina fotográfica e um guia do Brasil.

Imagem no exterior
Os pais do estudante receberam funcionários do consulado português e também o secretário estadual de Turismo, Sérgio Ricardo. O representante do governo estadual disse que o fato prejudicará a imagem do Rio de Janeiro no exterior, mas não acredita que diminua o fluxo de turistas na cidade.
"Em Londres, houve ataques terroristas, mas isso não reduziu o número de turistas. Na Espanha, a mesma coisa", declarou Ricardo, que informou que o casal deverá deixar o Brasil hoje à tarde, junto com o corpo do filho.


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