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Anvisa proíbe publicidade de antigripais
Ministério da Saúde argumenta que remédios com propriedades analgésicas e antitérmicas "mascaram" sintomas da gripe suína
Suspensão é temporária; não há restrição à venda, mas orientação do governo é
de consultar um médico antes de tomar qualquer remédio
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Está proibida no país a propaganda de antigripais. A medida, tomada pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), atinge todos os produtos
com propriedades analgésicas e
antitérmicas e os destinados ao
alívio dos sintomas da gripe.
Entre eles, estão aqueles à
base de ácido acetilsalicílico,
como Aspirina, de paracetamol, como Tylenol, e de dipirona, como Novalgina. Há pelo
menos 500 medicamentos com
esses componentes registrados
no Brasil.
O objetivo da medida, segundo a Anvisa, é evitar que o consumo dessas substâncias mascare os sintomas da gripe suína,
o que poderia adiar o diagnóstico da doença e, em consequência, dificultar o tratamento.
A suspensão das propagandas é temporária, mas não há
um prazo estabelecido. A revogação será feita quando acabar
a "circunstância especial de
saúde", diz a resolução.
Quem descumprir a proibição da Anvisa poderá receber
multa de R$ 2.000 a R$ 1,5 milhão. A restrição à publicidade
vale para a televisão, o rádio, a
internet e qualquer outro meio.
Embora o governo sempre
divulgue que a gravidade da gripe A (H1N1) é a mesma de todos
os vírus influenza, nos últimos
anos nenhuma medida nesse
sentido foi tomada em relação à
gripe sazonal. A Anvisa diz que,
por se tratar de um novo vírus,
o ideal é que se tenha a menor
interferência possível sobre os
sintomas.
A agência afirma também
que não está prevista nenhuma
medida para orientação sobre
o uso dos antigripais porque
realiza campanhas constantemente com a intenção de
desestimular a automedicação.
Comercialização liberada
A resolução da Anvisa atinge
apenas a publicidade dos antigripais. Não há nenhuma restrição à comercialização deles.
Em nota, a agência afirmou
que esses produtos têm "eficácia e segurança bastante
conhecidas" e podem ser úteis
no tratamento dos sintomas
da gripe.
Ainda assim, a orientação do
governo é que as pessoas com
os sintomas, antes de tomar
qualquer remédio, consultem
um médico para fazer o diagnóstico. Se não for possível, que
procurem um farmacêutico para passar as informações sobre
os produtos, como as indicações e os efeitos colaterais.
"A propaganda fala sobre o
produto, mas não informa sobre uma série de coisas", diz o
presidente da Anvisa, Dirceu
Raposo de Mello.
Segundo a Anvisa, um médico deve ser procurado para
eventual tratamento de gripe A
(H1N1) sempre que o paciente
tiver febre repentina de mais de
37,5°C, tosse e pelo menos um
outro sintoma de gripe, como
dor de cabeça e dores musculares e nas articulações.
O mesmo procedimento foi
adotado no ano passado, mas
em caráter de recomendação à
indústria. Na época, havia uma
epidemia de dengue no país e
surgiu a suspeita de que pacientes com a doença haviam tido
problemas no fígado por causa
do uso de analgésicos.
De acordo com a Abimip (Associação Brasileira da Indústria
de Medicamentos Isentos de
Prescrição), o setor investiu
cerca de R$ 1,2 bilhão em 2008
em propaganda de remédios
que não necessitam de prescrição. A maior parte dos gastos
foi para anúncios de remédios
contra gripes e resfriados.
A Federação Brasileira da Indústria Farmacêutica não quis
comentar a decisão da Anvisa.
A Johnson&Johnson (fabricante do paracetamol Tylenol)
e a Bayer (que produz a Aspirina) limitaram-se a informar
que irão adotar as determinações da agência.
Colaborou a Reportagem Local
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