São Paulo, sábado, 15 de agosto de 2009

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Veto a publicidade deveria ser permanente, dizem médicos

Para infectologistas, propaganda de antigripais estimula o uso incorreto desses produtos

Eduardo Medeiros, da Unifesp, diz que, se um produto precisa de alerta de risco, não deve ter seu consumo estimulado

COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Médicos consultados ontem disseram que a determinação da Anvisa de proibir a propaganda de antigripais, além de adequada, deveria ser adotada permanentemente.
Pela decisão da Anvisa, a propaganda desses medicamentos está suspensa temporariamente, mas não há um prazo estabelecido.
A publicidade de medicamentos, de acordo com esses especialistas, que não necessitam de prescrição médica estimula o consumo incorreto de substâncias que podem ser nocivas à saúde e que podem interferir no diagnóstico e no tratamento da gripe suína.
É a opinião de Caio Rosenthal, infectologista do Instituto Emílio Ribas. "Vale a pena proibir de lembrar às pessoas que existe uma série de medicamentos", diz ele, acrescentando que esses produtos não são adequados para um momento de pandemia de gripe suína.
Para o infectologista da Unifesp Eduardo Medeiros, adotar uma medida mais flexível -seja com campanhas educativas, seja com a inserção de alertas na publicidade desses medicamentos- não é a solução.
"Se um produto necessita de alerta para a gripe, alerta para a dengue, alerta para a catapora, não faz sentido estimular o consumo com propaganda", disse Medeiros.
Para Rosenthal, o problema não é só o medicamento mascarar os sintomas da gripe suína -muito semelhantes aos da gripe comum-, mas de dar uma falsa impressão de cura.
"Não há literatura disponível que nos dê certeza definitiva de que o indivíduo vai se curar de uma gripe comum em decorrência do consumo da bateria de remédios disponíveis no mercado", disse.

Efeitos colaterais
O consumo indiscriminado desses antigripais -geralmente comercializados em forma de compostos com várias substâncias- é justamente o que preocupa o infectologista da USP e do hospital Sírio-Libanês Esper Kallas.
"Quando há uma combinação de componentes -como em antigripais que prometem reduzir simultaneamente febre, dor no corpo e coriza-, é mais difícil detectar o que causou eventuais efeitos colaterais", explicou.
A saída, diz ele, é procurar o serviço de saúde, explicar os sintomas e tomar os medicamentos que atuam especificamente sobre eles.
(TAI NALON)


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