São Paulo, sábado, 15 de agosto de 2009

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Recém-construído, 2º piso de garagem cede e "engole" carros

Pelo menos 35 veículos que estavam em estacionamento em Santa Cecília, no centro, ficaram danificados no desabamento

Gerente manobrava veículo na hora do acidente, mas só se feriu levemente, no braço; piso superior não tinha alvará, diz Subprefeitura da Sé

DA REPORTAGEM LOCAL

O segundo piso de um estacionamento do bairro de Santa Cecília, no centro de São Paulo, cedeu na manhã de ontem, engolindo dezenas de carros. Pelo menos 35 ficaram danificados. O gerente do local manobrava um dos veículos "engolidos". Ele se feriu levemente.
José Diamantino Delmondes, 30, tinha acabado de retirar um carro que impedia a saída de um cliente. Preparava-se para ajeitar o veículo numa vaga quando ouviu um estalo. "De repente, vi os carros vindo em minha direção. E não tinha ninguém dentro deles", conta.
Delmondes, ou Nino, como é conhecido, estava parado com o veículo exatamente sobre o centro da parte da estrutura metálica que cedeu. "Quando vi que iria ser prensado, ainda tentei sair do carro, mas tive que voltar", diz o gerente, que prendeu um braço na porta, o que lhe rendeu um hematoma.
"Foram dez segundos em que só pensava que iria morrer", afirma Nino. "Só depois de um tempo, quando parou de afundar, é que comecei a entender o que tinha acontecido", conta.
Ele diz que teve sorte "por estar num Audi blindado" de um dos clientes. Só conseguiu sair por uma brecha do vidro.
Técnicos da prefeitura e bombeiros foram chamados. O estacionamento foi isolado.
Segundo a Subprefeitura da Sé, o estacionamento não tem alvará de funcionamento do segundo piso, construído em janeiro. O proprietário deve ser multado, informou o órgão.
À tarde, clientes que chegavam para retirar seus carros pareciam desacreditar a cena.
Alguns perderam a calma, exigindo explicações. O dono do estacionamento, Almerindo José Bonfim, é de Londrina (PR). Ele chegaria a São Paulo ainda ontem. De acordo com Nino, hoje, a partir das 6h, o proprietário estará à disposição para acertar indenizações.
O estacionamento, segundo o gerente, tem seguro. Nino, porém, não soube dizer se o contrato prevê pagamentos para casos como o do acidente.
"Ninguém falou nada sobre pagamento ainda", afirmou o assistente de fotografia Carlos Vieira, 40. Ele aparentava estar mais consternado do que irritado por ter seu carro danificado.
O segundo piso dobrou a capacidade do estacionamento, que passou a comportar cerca de 170 carros. Ontem, na hora do acidente, havia em torno de 60 carros no piso superior.
O local cobra mensalidade de R$ 180 pelo período integral. O gerente diz que a documentação do estabelecimento "está em ordem", mas ressalta que só o dono pode falar em detalhes.
A empresa que construiu o piso chama-se Metalpark. Ela terá de produzir um laudo técnico sobre o acidente. Também precisa dar sustentação à estrutura metálica que ruiu a fim de que os carros sejam retirados.
Winícius de Morais, representante da Metalpark ouvido pela Folha, afirmou que apenas o advogado da empresa poderia dar mais detalhes sobre o procedimento que será adotado em relação ao estacionamento. "Não é de nosso feitio deixar a coisa desabar", disse.
A mesma estrutura metálica é usada por outros 11 estacionamentos em São Paulo.


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