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Recém-construído, 2º piso de garagem cede e "engole" carros
Pelo menos 35 veículos que estavam em estacionamento em Santa Cecília, no centro, ficaram danificados no desabamento
Gerente manobrava veículo na hora do acidente, mas só se feriu levemente, no braço; piso superior não tinha alvará, diz Subprefeitura da Sé
DA REPORTAGEM LOCAL
O segundo piso de um estacionamento do bairro de Santa
Cecília, no centro de São Paulo,
cedeu na manhã de ontem, engolindo dezenas de carros. Pelo
menos 35 ficaram danificados.
O gerente do local manobrava
um dos veículos "engolidos".
Ele se feriu levemente.
José Diamantino Delmondes, 30, tinha acabado de retirar um carro que impedia a saída de um cliente. Preparava-se
para ajeitar o veículo numa vaga quando ouviu um estalo. "De
repente, vi os carros vindo em
minha direção. E não tinha ninguém dentro deles", conta.
Delmondes, ou Nino, como é
conhecido, estava parado com
o veículo exatamente sobre o
centro da parte da estrutura
metálica que cedeu. "Quando vi
que iria ser prensado, ainda
tentei sair do carro, mas tive
que voltar", diz o gerente, que
prendeu um braço na porta, o
que lhe rendeu um hematoma.
"Foram dez segundos em que
só pensava que iria morrer",
afirma Nino. "Só depois de um
tempo, quando parou de afundar, é que comecei a entender o
que tinha acontecido", conta.
Ele diz que teve sorte "por estar num Audi blindado" de um
dos clientes. Só conseguiu sair
por uma brecha do vidro.
Técnicos da prefeitura e
bombeiros foram chamados. O
estacionamento foi isolado.
Segundo a Subprefeitura da
Sé, o estacionamento não tem
alvará de funcionamento do segundo piso, construído em janeiro. O proprietário deve ser
multado, informou o órgão.
À tarde, clientes que chegavam para retirar seus carros pareciam desacreditar a cena.
Alguns perderam a calma,
exigindo explicações. O dono
do estacionamento, Almerindo
José Bonfim, é de Londrina
(PR). Ele chegaria a São Paulo
ainda ontem. De acordo com
Nino, hoje, a partir das 6h, o
proprietário estará à disposição para acertar indenizações.
O estacionamento, segundo
o gerente, tem seguro. Nino,
porém, não soube dizer se o
contrato prevê pagamentos para casos como o do acidente.
"Ninguém falou nada sobre
pagamento ainda", afirmou o
assistente de fotografia Carlos
Vieira, 40. Ele aparentava estar
mais consternado do que irritado por ter seu carro danificado.
O segundo piso dobrou a capacidade do estacionamento,
que passou a comportar cerca
de 170 carros. Ontem, na hora
do acidente, havia em torno de
60 carros no piso superior.
O local cobra mensalidade de
R$ 180 pelo período integral. O
gerente diz que a documentação do estabelecimento "está
em ordem", mas ressalta que só
o dono pode falar em detalhes.
A empresa que construiu o
piso chama-se Metalpark. Ela
terá de produzir um laudo técnico sobre o acidente. Também
precisa dar sustentação à estrutura metálica que ruiu a fim de
que os carros sejam retirados.
Winícius de Morais, representante da Metalpark ouvido
pela Folha, afirmou que apenas o advogado da empresa poderia dar mais detalhes sobre o
procedimento que será adotado em relação ao estacionamento. "Não é de nosso feitio
deixar a coisa desabar", disse.
A mesma estrutura metálica
é usada por outros 11 estacionamentos em São Paulo.
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